
REUTERS/Leonardo Benassatto
Foi neste tom o depoimento do ex-presidente do Brasil Lula da Silva ao juiz da Operação Lava-Jato, Sergio Moro durante as mais de cinco horas de interrogatório.
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Foi o segundo mais longo interrogatório da história de três anos de Lava-Jato, a seguir apenas ao de Alerto Youssef, delator original da operação.
De acordo com os primeiros vídeos da sessão divulgados a conta-gotas pela justiça federal do Paraná, Moro tentou saber se Lula é ou não o proprietário de um apartamento tríplex no Guarujá, praia a 100 quilómetros de São Paulo.
O ex-presidente negou com veemência, adiantando que, sendo uma figura pública, só poderia ir àquela praia em dias de chuva e que a falecida mulher, Marisa Letícia, nem gostava de praia.
Ao longo da sessão, Lula disse ainda que tem a intenção de se candidatar à presidência da república em 2018 - foi a primeira vez que o ex-presidente, que lidera as sondagens em todos os cenários, anunciou essa intenção com todas as letras.
Nos próximos dias, Moro vai ouvir as alegações finais de defesa e acusação e proferir sentença, em princípio, só em Junho. Caso Lula seja condenado por Moro e depois em segunda instância não poderá concorrer em 2018.
Após o depoimento, Lula foi ao encontro dos cerca de 15 mil manifestantes que se deslocaram a Curitiba, sede da Lava-Jato, para o apoiar. Lá, abraçou a sua sucessora Dilma Rousseff e agradeceu a presença dos apoiantes.
Durante o dia, além dos apoiantes de Lula, Curitiba foi tomada também por manifestantes a favor de Sergio Moro. Chegou a haver um tumulto, quando chegou o pixuleko, famoso boneco insuflável com a imagem de Lula vestido de presidiário, mas o extraordinário aparato de segurança evitou males maiores - estiveram em Curitiba polícia de choque, batalhões do exército e as duas claques, pro e contra Lula, ficaram separadas por três quilómetros.