Com o impeachment prestes a seguir para o Senado, quem passa nas ruas da capital norte-americana critica a administração Trump.
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Esta foi uma semana agitada no tabuleiro político americano. Num momento em que o processo de impugnação de Donald Trump espera para dar entrada no Senado, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou uma resolução que visa restringir a capacidade do Presidente de adotar medidas militares contra o Irão após o anuncio de Trump, que aplicou novas sanções económicas contra o país.
Perante o clima de tensão gerado entre os dois pontos do mundo, as opiniões em solo americano divergem mas, na capital Washington DC, as vozes parecem ser uníssonas.
"A forma mais efetiva de formar uma democracia é apoiando e estimulando uma revolução feita pelas pessoas e incrementando a educação de cidadãos que estão famintos de democracia, não bombardeando o seu país."
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A atitude de Donald Trump também não passa despercebida aos norte-americanos. "Julgo que o que ele fez foi bastante imprudente. Não parece ter havido um plano. Acho que o fez por capricho o que nos deixa bastante preocupados relativamente ao que esta administração está a fazer numa região muito volátil, sobretudo no que diz respeito a política externa."
A aparente falta de critérios do Presidente norte-americano é um dos pontos mais falados. "Como tudo nesta administração é uma ação impulsiva sem que pense nas consequências."
Há ainda quem acredite que Trump podia ter optado pela via diplomática. "Penso que é uma situação complicada visto que há pessoas boas e pessoas instáveis em ambos os lados e desconheço todos os factos relativamente a esta questão, mas a ação parece ser errática e, tendo em conta que foi extremamente violento talvez isto pudesse ter sido resolvido diplomaticamente. Acho que há muita gente que ainda pergunta porquê."
Apesar da retórica provocatória entre os dois países, os analistas políticos americanos não acreditam que se gere uma guerra. Os acontecimentos levaram muitos americanos a manifestarem a sua oposição a um conflito com protestos em várias cidades.
Uma mulher Iraniana a viver nos Estados Unidos há décadas - e que não quis gravar a conversa com a TSF por receio de represálias -, disse esperar que estas decisões tomadas por Donald Trump tenham impacto nas eleições americanas, derrubando o atual presidente. Mas há quem veja a questão de outra forma.
"Começar uma guerra agora provocaria danos na sua campanha. Contudo, Trump não pode ser visto como frágil ou cobarde. Seria o seu pior pesadelo. Ele sabe que o Irão não quereria entrar numa guerra com os Estados Unidos, mas ele provavelmente pensa que se forçar a barra o suficiente, eles poderão perder o controlo e atacar primeiro. E isso poderia, possivelmente, ajudar a campanha eleitoral de Trump, fazendo dele um herói. E é exatamente isso que ele procura antes das eleições."
A decisão de assassinar o general Soleimani é vista como o capitulo mais perigoso dos três anos de governação de Trump. Uma decisão radical que é questionada também por alguns republicanos. Dependendo do resultado da impugnação que deverá ter início nesta semana, o julgamento final de Donald Trump será feito pelos americanos nas urnas dentro de oito meses.