Natal até final de janeiro. Associação pede fundos para levar água a 150 famílias em Moçambique
No Gurué, no Centro de Moçambique, as escolas têm poucas condições. Não há mesas para escrever e as cadeiras são feitas de troncos ou tijolos de barro. A associação Centro de Ensino e Agricultura, que tem como prioridade a educação e a aposta nas mulheres e numa ecologia integral, estendeu a sua campanha de Natal até ao final de janeiro. A ideia é conseguir angariar dinheiro para comprar bombas de água e outro material de irrigação e "criar novas oportunidades para as pessoas".
Corpo do artigo
O Natal vai estender-se até ao final de janeiro, a pensar nas famílias do Gurué, no Centro de Moçambique. Criar sonhos e lançar sementes é o lema do Centro de Ensino e Agricultura do Gurué, uma associação que lançou uma campanha para ajudar famílias moçambicanas. A ideia é angariar verbas para comprar bombas de água e outro material de irrigação. No entanto, a campanha lançada para o Natal não conseguiu verbas suficientes e, por isso, vai estender-se até ao final de janeiro. O objetivo é ajudar 150 famílias a sonhar com o futuro.
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2021/12/gurue_mocambiqu_20211228132035/hls/video.m3u8
A associação aposta nas mulheres e numa ecologia integral. A prioridade passa pela educação, numa zona onde as escolas têm poucas ou nenhumas condições, descreve o padre português Luciano Vieira.
TSF\audio\2021\12\noticias\28\luciano_vieira_janela
"As salas ainda estão muito precárias, rudimentares. A cadeira é um tronco enfiado na terra com outro na horizontal onde se sentam em cima. Não há mesas para escrever. Nalguns lugares, até a cadeira é um tijolo de barro. Estes são lugares onde há muita dificuldade de acesso ao ensino, então a nossa opção foi ir ao encontro destas pessoas."
A associação fixou-se na zona do chá, nas montanhas da Zambézia, uma das províncias mais ricas e férteis de Moçambique, dominada pelas mulheres.
"Nós apostamos sobretudo no papel da mulher na sociedade moçambicana e reforçamos a ideia de que a mulher deve ser a protagonista", explica o padre Luciano, sublinhando que "na cultura local, a mulher tem um papel muito importante e a mulher é que é da terra".
O padre Luciano dá o exemplo de Zulmira, apoiada pela associação com um painel solar e também com galinhas.
"Temos aqui algumas dificuldades na escolha das galinhas, porque as galinhas locais apesar de serem as mais resistentes, também são mais frágeis. Nós demos as primeiras para começarem o projeto deles", adianta. "O que fazemos é acompanhar tecnicamente, para ter um bocadinho a noção do que estamos a falar. As pessoas aqui não conhecem a finalidade da alface, a cenoura muitos não sabem para que é que ela serve", afirma.
Cada técnico agrícola apoia 25 famílias. O padre Luciano Vieira espera ensinar as pessoas a olhar para o futuro.
"Nós estamos a ajudar a sonhar, a criar novas oportunidades para as pessoas, a criar condições para que as pessoas ganhem a sua autonomia", finaliza.
O projeto está a dar os primeiros passos. Além de apoiar 150 famílias a partir de março, a associação quer construir de raiz quatro escolas no Gurué. O padre Luciano Vieira prevê que demore 10 anos até que tudo esteja no terreno. Uma missão que promete levar até ao fim.