O número de mortos no naufrágio de uma embarcação com imigrantes ilegais perto da ilha italiana de Lampedusa subiu para mais de 130, após a descoberta de cerca 40 corpos nos destroços submersos, indicaram fontes da guarda costeira.
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Pelo menos 40 corpos foram detetados por mergulhadores no interior e em redor da embarcação, que se encontra a 40 metros de profundidade e a cerca de 500 metros da costa desta ilha mediterrânica, indicaram as fontes, citadas pela agência italiana Ansa.
O Governo italiano decidiu decretar um dia de luto nacional na sexta-feira em memória das vítimas da tragédia. Um comunicado acrescenta que o primeiro-ministro Enrico Letta convocou uma reunião extraordinária do executivo para proclamar o luto.
Os imigrantes ilegais morreram quando a embarcação onde viajavam naufragou ao tentar chegar a Lampedusa, uma pequena ilha a sul da Sicília.
A governadora de Lampedusa, Giusi Nicolini, admitiu entretanto que a ilha não tem as infraestruturas necessárias para abrigar os sobreviventes e os vários cadáveres recuperados do mar.
Nicolini relatou que os cadáveres estão a ser depositados num dos cais da ilha, enquanto outras soluções estão a ser analisadas, como o hangar do aeroporto.
O centro de acolhimento de imigrantes de Lampedusa enfrenta neste momento uma situação dramática, ao abrigar 1.350 pessoas. O centro tem uma capacidade para cerca de 700 pessoas.
«É um horror. Não param de chegar barcos e o descarregamento de mortos. Os meios de comunicação social têm de ver isto. É impressionante», disse a governadora, que denuncia há vários meses a «negligência» das instituições europeias face a este drama humano.
Lampedusa, 205 quilómetros a sul da Sicília, situa-se a 113 quilómetros da costa africana, sendo possível alcançar a ilha após três ou quatro dias de navegação.
O papa Francisco escolheu a ilha, considerada a porta para a Europa para milhares de imigrantes africanos, para realizar a sua primeira visita em Itália, em julho passado.
Hoje, no Vaticano, o papa qualificou como uma «vergonha» este novo acidente em Lampedusa, pedindo a todos os fiéis para rezarem pelas vítimas e por «todos os refugiados» do mundo.
«Não posso não deixar de mencionar as numerosas vítimas deste naufrágio. A palavra que me vem à cabeça é vergonha», afirmou o pontífice no fim de um discurso no Conselho Pontifício de Justiça e Paz.