Navio de bandeira portuguesa da Flotilha humanitária atacado com drone "pode viajar" para Gaza
Sofreu apenas danos "superficiais"
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O navio de bandeira portuguesa integrado na Flotilha Global Sumud, atacado esta terça-feira com o drone na Tunísia, sofreu apenas danos "superficiais" e "pode viajar" para Gaza esta quarta-feira, segundo os porta-vozes tunisinos da flotilha.
A Flotilha Global Sumud (GSF, na sigla em inglês) confirmou que "um dos principais barcos, conhecido como Family Boat (Barco da Família)", com bandeira portuguesa, que transporta elementos portugueses participantes na ação humanitária de apoio aos palestinianos na Faixa de Gaza, assim como membros do Comité Diretivo da organização, "foi atingido por um drone" em Tunes, capital da Tunísia.
"O barco navegava sob bandeira portuguesa e todos os passageiros e tripulantes estão bem. Está em curso uma investigação e, assim que houver mais informações disponíveis, estas serão divulgadas imediatamente", acrescentou a GSF, através de várias publicações nas redes sociais e num comunicado enviado à Lusa.
"Os atos de agressão destinados a intimidar e a inviabilizar a nossa missão não nos dissuadirão", fez ainda saber a GSF, acrescentando que a "a missão pacífica de quebrar o cerco a Gaza e de [se] solidarizar com o seu povo continua com determinação e resolução".
Segundo os porta-vozes tunisinos da Flotilha, citados pela agência EFE, que se encontravam a bordo do navio, um incêndio provocado pelo ataque do drone "não causou danos graves, mas sim superficiais", e o navio "pode viajar" esta quarta-feira.
As mesmas fontes garantiram que "apenas os tunisinos ficarão para vigiar os navios esta noite", segundo um vídeo divulgado pelo tunisino Wael Naouar, porta-voz magrebino da flotilha.
Naouar apelou aos tunisinos para que se deslocassem ao porto para proteger os navios que planeiam partir esta quarta-feira de manhã em direção à Faixa de Gaza, na tentativa de quebrar simbolicamente o bloqueio militar israelita imposto ao território.
Centenas de tunisinos dirigiram-se esta madrugada ao porto de Sidi Bou Said para mostrar solidariedade para com a flotilha, na sequência do incêndio num dos seus maiores navios, segundo vídeos divulgados nas redes sociais, em que se ouviam gritos com "viva a Palestina".
Uma das tripulantes do navio, Yasemin Acar, indicou nas redes sociais que o drone "provocou um incêndio a bordo que já foi logo extinto".
"Um drone passou por cima, lançou uma bomba, que explodiu e o barco pegou fogo. Todos no barco estão bem", descreveu numa publicação no Instagram.
O ataque foi noticiado também pela relatora especial da ONU para a Cisjordânia e Gaza numa de várias publicações na rede social X. "O barco principal da flotilha (Family) foi atacado aparentemente por um drone no porto de Tunes", escreveu Francesca Albanese, acrescentando que "outros dois navios estão a caminho de Tunes e precisam de proteção urgente".
No domingo, o ativista português Miguel Duarte, que está integrado na flotilha humanitária, indicou à Lusa que os barcos que zarparam no passado domingo de Barcelona (Espanha) encontravam-se ao largo da costa da Tunísia, onde iam realizar uma paragem para recolher mais ajuda humanitária e fazer reparações.
Além do ativista, integram também a flotilha a coordenadora do BE, Mariana Mortágua e a atriz Sofia Aparício.
Miguel Duarte tinha lamentado na mesma altura a presença de drones a sobrevoar as embarcações que partiram de Barcelona, na semana passada, após denúncia da organização Global Movement to Gaza, uma das que promoveu a GSF.
A Flotilha Global Sumud, que pretende ser "a maior missão humanitária da história" com o território palestiniano de Gaza, saiu inicialmente de Barcelona. Sumud é uma palavra árabe que significa resiliência.
As forças israelitas têm em curso uma ofensiva na Faixa de Gaza que causou mais de 64.600 mortos no território governado pelo Hamas desde 2007.
A ofensiva seguiu-se ao ataque do Hamas no sul de Israel, a 7 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1200 mortos e 251 reféns.
Israel, que anunciou uma operação para tomar a cidade de Gaza, no norte do enclave, tem sido acusado de genocídio e de usar da fome como arma de guerra, que nega.
A ONU declarou em agosto uma situação de fome no norte de Gaza, o que acontece pela primeira vez no Médio Oriente.