Várias embarcações precárias com migrantes a bordo continuam a chegar à Europa, apesar da pandemia de Covid-19.
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A Sea Watch resgatou, esta madrugada, 46 pessoas que estava numa embarcação de madeira no Mediterrâneo, ao largo da Líbia, elevando para 211 o número de migrantes salvos pela organização não-governamental (ONG) alemã em menos de 48 horas.
A ONG alemã, que retomou na quarta-feira os resgates humanitários na rota migratória do Mediterrâneo Central (que sai da Argélia, Tunísia e Líbia em direção à Itália e a Malta) após uma paragem de cerca de dois meses por causa da pandemia do novo coronavírus, alertou através das redes sociais que as 211 pessoas precisam urgentemente de um porto seguro para desembarcar.
Depois de ter realizado outros dois resgates, o navio da Sea Watch foi à procura de uma embarcação precária de madeira, que tinha o grupo de 46 migrantes a bordo.
O resgate desta última embarcação surgiu após um alerta da Alarm Phone, uma organização que recebe as chamadas de emergência feitas por embarcações que se encontram em perigo.
Nas últimas horas, cerca de 120 migrantes chegaram à ilha de Lampedusa, na Sicília, alguns de forma autónoma, outros acompanhados por lanchas da Guarda Costeira italiana.
Devido aos constrangimentos provocados pela pandemia do novo coronavírus, os navios das várias ONG envolvidas nos resgates humanitários ficaram parados e muitos portos europeus, como foi o caso em Itália e em Malta, foram encerrados.
Mas esta situação não impediu que várias embarcações precárias com migrantes a bordo continuassem a chegar, por exemplo, às costas italianas de forma autónoma.
O navio da Sea Watch foi o primeiro a regressar aos resgates humanitários no Mediterrâneo Central.
Já o "Mare Jonio", da ONG italiana Meditarrenea Saving Humans, juntou-se na quinta-feira às operações de resgate.
O navio "Ocean Viking", da ONG francesa SOS Méditerranée, anunciou, entretanto, que zarpou do porto francês de Marselha e deverá chegar em breve à zona.
Os últimos resgates humanitários na rota central tinham ocorrido em abril e tinham sido feitos pelos navios "Alan Kurdi", da alemã Sea Eye, e "Aita Mari", da ONG espanhola Salvamento Marítimo Humanitário.
Os dois navios encontram-se paralisados, por ordem judicial, na Sicília (Itália).
Num relatório conjunto, várias ONG envolvidas nos resgates humanitários denunciaram esta semana as autoridades de Itália, Malta e europeias de colaborarem com a Líbia para efetuar regressos em massa de migrantes resgatados.
A Líbia, país imerso num caos político e securitário, não é considerado um porto seguro.
Segundo dados divulgados esta sexta-feira pelo Ministério do Interior de Itália, 5.832 migrantes chegaram ao território italiano desde o início deste ano.