Acusado de "crimes de ódio", James Fields, de 21 anos, poderá ser condenado a 20 anos de prisão.
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O julgamento de um norte-americano neonazi acusado de homicídio e de ter agredido manifestantes antirracistas em Charlottesville, nos EUA, um caso emblemático de extremismo político, começou esta segunda-feira.
James Fields, de 21 anos, é acusado de ter morto uma manifestante pacifista de 32 anos, Heather Heyer, tendo-a atacado no meio de uma multidão com o seu veículo, em agosto de 2017, e será ainda julgado por fuga após ter ferido 20 pessoas, em Charlottesville, no Estado da Virginia.
Se for condenado, James Fields pode ser punido com uma pena até 20 anos de prisão.
A seleção dos jurados para este julgamento começou hoje e deve durar dois dias.
O norte-americano, neonazi confesso, é um protagonista de uma nova geração de ativistas de extrema-direita, impulsionada pela eleição de Donald Trump para a Presidência dos EUA, em 2016.
De resto, Donald Trump foi criticado por, após os incidentes de Charlottesville, ter sido relutante na crítica à manifestação que opôs pacifistas contra neonazi, tendo dito que havia "pessoas muito boas em ambos os lados".
Os advogados de defesa de Fields ainda tentaram, sem sucesso, deslocar o julgamento da pequena cidade de Charlottesville, onde, argumentaram, seria impossível encontrar jurados imparciais.
James Fields está acusado pelas autoridades de "crimes de ódio", por as suas vítimas terem sido alvejadas por causa da sua filiação racial e opções religiosas.
De acordo com a acusação, Fields tinha várias contas em redes sociais em que expressava o seu apoio a ideologias de supremacia branca e às políticas de Adolf Hitler e do terceiro Reich, defendendo a violência contra negros e judeus.
Um jornal local refere ainda que Fields se alistou no exército dos EUA, mas foi afastado por não cumprir os "padrões de treino militar".
Os crimes de que Fields é acusado ocorreram após as manifestações "Unite the Right", em Charlottesville, organizadas por nacionalistas brancos para protestar contra o derrube da estátua do general Lee (responsável militar do exército da Confederação contra o exército da União, do governo de Abraham Lincoln, durante a Guerra Civil -- 1861-1865).
Durante o comício, viam-se neonazis e membros da organização racista Ku Klux Klan a desfilar à luz de tochas com capuzes pontiagudos, emblemáticos do grupo.
Outros elementos, acenavam bandeiras da Confederação, que muitos americanos associam a movimentos racistas.
No segundo dia das manifestações, a 12 de agosto de 2017, confrontos entre manifestantes neonazis e manifestantes antifascistas culminaram em ataques violentos, incluindo aquele de que Fields é agora acusado.