Primeiro-ministro israelita está indiciado por suborno, quebra de confiança e fraude.
Corpo do artigo
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi esta quinta-feira acusado de suborno, quebra de confiança e fraude pelo procurador-geral israelita. Esta é a primeira vez que um primeiro-ministro em funções no país é acusado.
Netanyahu, que negou ter cometido qualquer ato ilícito nos três casos de corrupção, não tem obrigação legal de demitir-se face à acusação e já remeteu uma reação para as 20h30 desta quinta-feira.
Em fevereiro, as autoridades tinham recomendado ao procurador Avichai Mandelblit que acusasse o primeiro-ministro no âmbito das já longas investigações batizadas de Cases 1000, 2000 e 4000.
TSF\audio\2019\11\noticias\21\dora_pires_benjamin_netanyahu_18h
Netanyahu é suspeito de ter aceitado ilicitamente prendas de magnatas no valor de 264 mil dólares que, segundo os procuradores, incluem charutos e champanhes e de ter feito favores ao promover maior e melhor cobertura por parte da jornal mais vendido de Israel, Yedioth Ahronoth, e do site Walla.
O ministério tinha indicado antes que Mandelblit anunciaria se acusava ou não Netanyahu ainda hoje, quando o parlamento foi encarregado pelo presidente Reuven Rivlin de encontrar um chefe de governo, depois de Benjamin Netanyahu e do seu rival Benny Gantz terem falhado nas suas tentativas de formar um executivo na sequência das eleições de 17 de setembro.
Netanyahu negou sempre o seu envolvimento nos três casos, alegando que as investigações fazem parte de uma vingança política e de uma "caça às bruxas", que inclui a esquerda, os media e a polícia.
"Não haverá nada porque não houve nada", disse Netanyahu no início do ano. Netanyahu pode enfrentar uma pena de até dez anos de prisão - caso seja provado o suborno - e de até três anos por fraude e quebra de confiança.
Os casos 1000, 2000 e 4000
No primeiro, Netanyahu, assim como a sua mulher Sara e o filho Yaur são suspeitos de terem recebido benefícios e presentes avaliados em centenas de milhares de euros de vários milionários, como o produtor de Hollywood israelita Arnon Milchan, em troca de ajuda em várias questões.
O segundo é sobre um alegado acordo secreto entre Netanyahu e o editor do jornal diário Yedioth Ahronoth Arnon Mozes. O primeiro-ministro criaria dificuldades ao jornal Israel Hayom, rival do Yedioth Ahronoth, em troca de uma cobertura mais favorável por parte deste.
No designado "caso 4000", Netanyahu é suspeito de ter beneficiado Shaul Elovich, o principal acionista da maior empresa de telecomunicações de Israel, a Bezeq, em troca de uma cobertura favorável no portal de informação Walla, propriedade da Bezeq.
A 28 de fevereiro, Mandelblit disse ter aceitado as recomendações da polícia para acusar Netanyahu, o que ficaria dependente de uma audiência final.
No início de outubro os advogados de Benjamin Netanyahu tentaram exonerar o primeiro-ministro israelita da acusação numa audiência com o procurador-geral, a última tentativa que a lei concedia ao suspeito.
A acusação a Netanyahu, o primeiro chefe de Governo do país a ser acusado enquanto em funções, surge em plena crise política em Israel e pode reduzir as suas hipóteses de se manter no poder.
Pela primeira vez na história do país, o Presidente encarregou hoje o parlamento de encontrar um primeiro-ministro para resolver um impasse político e evitar as terceiras legislativas em menos de um ano.
"O Estado de Israel atravessa um período sombrio da sua história", declarou o Presidente no parlamento, apelando aos deputados para agirem de modo "responsável".
Netanyahu e Gantz podem voltar a ser encarregados de formar um governo pelos deputados, o que abre caminho para novas negociações.
A lei israelita não obriga um primeiro-ministro a demitir-se se for acusado, mas Netanyahu, 69 anos e há 13 no poder, poderá vir a ser pressionado nesse sentido além de que não poder vir a ocupar, por lei qualquer outro cargo de Governo ou de Estado.