Manifestantes pedem a queda do primeiro-ministro e do seu Governo e acusam-nos de não fazerem o suficiente para recuperar os familiares que estão presos na Faixa de Gaza.
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reuniu-se esta segunda-feira com representantes das famílias de 15 reféns do Hamas, num momento de forte contestação contra a gestão da ofensiva militar conduzida pelas forças israelitas na Faixa de Gaza.
Segundo informações recolhidas pelo jornal israelita Haaretz, o encontro contou com a presença de dois representantes de cada uma das famílias dos reféns. Até ao momento, não foram divulgados mais pormenores sobre a reunião.
Pouco antes desta reunião, dezenas de manifestantes tentaram bloquear a entrada do parlamento israelita para exigir a convocação de eleições. Durante a ação, os manifestantes chamaram os membros da coligação governamental liderada por Netanyahu de "traidores" por terem "abandonado os reféns".
Posteriormente, agentes policiais intervieram para retirar os manifestantes à força, no meio de gritos que descreviam a polícia como "criminosos" que "destruíram o país", segundo noticiou jornal The Times of Israel.
Também hoje dezenas de familiares de reféns ainda detidos pelo Hamas na Faixa de Gaza invadiram uma reunião da Comissão de Finanças do parlamento israelita para exigir ações concretas que levem à libertação dos cativos.
"Não vão ficar aqui sentados enquanto eles estão a morrer lá!", gritaram os manifestantes quando entraram na reunião parlamentar, um dia depois de Netanyahu ter rejeitado um acordo com o Hamas para a libertação dos reféns, que descreveu como uma "rendição".
"Desmantelaram o Governo por causa do hametz, mas não o estão a fazer (pelos reféns)", disseram outros, depois de interromperem a reunião parlamentar.
Os manifestantes estavam a referir-se à demissão de vários ministros após uma disputa sobre um tipo de pão entregue aos hospitais na Páscoa judaica - os hebreus estão proibidos de comer alimentos fermentados durante esta festividade -, que acabou por levar à queda do Governo.
"Viemos para fazer ouvir as nossas vozes", disse Noa Rahamin ao jornal Times of Israel. É prima de Matan Angrest, um sargento que está em cativeiro na Faixa de Gaza, e aponta que "todos os dias lá morrem pessoas e todos os dias é anunciado que morreu mais um refém. Isto não pode continuar assim e viemos ao Knesset para que se levantem e façam alguma coisa. Niguém vai calar-nos".
O presidente da comissão parlamentar, Moshe Gafni, disse que "deixar cair a coligação não vai ajudar", acrescentando, no entanto, que "compreende" a dor dos manifestantes.
Netanyahu rejeita condições
O primeiro-ministro tem sido criticado por alguns políticos e pela opinião pública israelita pela sua recusa em reconhecer a responsabilidade pelas falhas de segurança durante os ataques do Hamas, algo que outros altos funcionários e mesmo antigos responsáveis da segurança e do executivo israelita já fizeram.
Este domingo, Netanyahu, rejeitou as condições do Hamas para libertar os reféns que continuam na Faixa de Gaza, incluindo o fim das hostilidades e a retirada total das tropas israelitas do território.
"Rejeito categoricamente as condições de rendição dos monstros do Hamas", afirmou numa mensagem de vídeo divulgada pelo seu gabinete, numa aparente resposta a informações sobre uma nova proposta de acordo mediada pelo Egito e Catar.
Em troca da libertação de todos os reféns, o Hamas exige "o fim da guerra, a retirada das nossas forças de Gaza, a libertação de todos os assassinos e violadores da Nuhkba (força de elite da ala militar do Hamas) e deixar o Hamas intacto", disse Netanyahu, citado pela agência Efe.
"Se aceitarmos isto, os nossos guerreiros caíram em vão e não poderemos garantir a segurança dos nossos cidadãos", disse o primeiro-ministro israelita.
A atual guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita no sul do território israelita, que matou cerca de 1200 pessoas e fez mais de 200 reféns (dos quais mais de 100 permanecem em Gaza), em 7 de outubro.
Em retaliação, Israel prometeu aniquilar o Hamas e lançou uma ofensiva aérea e terrestre que tem provocado um elevado nível de destruição de infraestruturas na Faixa de Gaza.
A ofensiva israelita já matou mais de 25 mil pessoas na Faixa de Gaza e feriu mais de 60 mil, segundo os números mais recentes divulgadas pelas autoridades do enclave, controladas pelo Hamas.
