Nicolás Maduro vai criar três vice-ministérios para combater a obesidade no país, que afeta 38% da população, incluindo o Vice-Ministério do Sistema Socialista de Alimentação.
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O anúncio foi feito pelo próprio presidente, num encontro com agricultores, no Estado de Cojedes, cuja capital fica a 320 quilómetros a sudoeste de Caracas. Maduro descreveu em pormenor o seu novo projeto, revelando ainda que será criado um organismo especial que desenhará uma dieta alimentar, principalmente dirigida às crianças.
O combate à obesidade dos venezuelanos vai implicar a criação de três vice-ministérios, que Maduro já batizou como sendo: Vice-Ministério do Sistema Socialista de Alimentação; Vice-Ministério da Produção Alimentar; e Vice-Ministério de Relações Nacionais, Internacionais e de Distribuição Alimentar.
Ao expor o seu plano aos agricultores venezuelanos, Maduro descreveu as funções de cada um dos novos vice-ministérios, dizendo que o Vice-Ministério do Sistema Socialista de Alimentação terá a seu cargo a função de zelar pelo bom funcionamento das redes estatais de supermercados "Mercal", Pdval", "Abasto Bicentenário" e todo o sistema de alimentação implantado pelo governo.
O Vice-Ministério para a Produção Alimentar terá como missão desenhar a política alimentar do país, para, no dizer do próprio presidente Nicolás Maduro, «educar, desde a escola, os nossos meninos, para que não comam tanta comida, lixo (sem qualidade), cultivar uma cultura de alimentação justa, sã e rica em proteínas».
Por último, o Vice-Ministério de Relações Nacionais, Internacionais e de Distribuição Alimentar será incumbido, segundo o mandato presidencial, de «vigiar, ponto a ponto, a nova fase da ofensiva económica para acabar de raiz com os processos de açambarcamento e falhas no abastecimento» de produtos, sobretudo de consumo básico, que desde há meses se vem sentindo no país.
Nicolás Maduro justificou este seu novo plano afirmando que «se há 20 anos a desnutrição era o problema, agora é a obesidade, 38% de obesidade. Há que cuidar da saúde porque aumentaram os problemas de diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares, e nos jovens, de 30, 35 anos» - rematou.
Comerciantes portugueses queixam-se de pressões
Segundo o jornal "Mundo Português" o problema do abastecimento de produtos básicos no mercado venezuelano não é de hoje, e desde há anos que se faz sentir, ainda que tenha sido substancialmente agravado nos últimos meses.
Vários empresários do setor alimentar queixam-se de "pressões" das autoridades, e pedem condições para continuar a comercializar os produtos. As crescentes dificuldades para obter produtos alimentares como o leite, açúcar, queijos, café e frango, deixaram de ser a principal preocupação dos empresários portugueses do sector na Venezuela - relata aquele jornal.
As alegadas e «injustificadas pressões» das autoridades para com os comerciantes, estão a causar mal-estar também nas próprias associações de vizinhos - que por vezes tomam a iniciativa de defender os comerciantes - enquanto as autoridades dizem estar apenas a combater o açambarcamento de produtos e o boicote.
Os empresários pedem condições para continuar a comercializar os produtos, queixam-se de excessivas fiscalizações e dizem que são acusados de açambarcamento, às vezes, até no momento em que recebem as mercadorias, ficando sujeitos a apertada vigilância presencial das autoridades até que os produtos sejam totalmente vendidos.
Recorde-se que ainda em vida, em 2010, Hugo Chavez aprovou uma nova lei de nacionalizações, desta feita destinada a empresas alimentares que o governo considerava estarem a praticar crimes económicos, quer especulando nos preços, quer promovendo açambarcamento de bens.
Ao tempo, a cadeia de supermercados franco-colombiana "Exito" foi a primeira a ser nacionalizada. Todavia, os comerciantes portugueses, que controlam mais de dois terços do mercado alimentar, foram sempre poupados aos processos de nacionalização dos supermercados e redes de distribuição.