“Nicolás vai vencer. Não tenho a menor dúvida de que domingo será uma vitória retumbante da revolução”
Norma Azuaje é uma líder comunitária e sindical. Nos anos 80 e 90 chegou a estar na prisão por oposição ao governo de Carlos Andrés Pérez. Com a chegada de Hugo Chávez tornou-se lider em San Juan, em Caracas. Ativista histórica, Norma Azuaje, em entrevista à TSF, confia absolutamente na vitória de Nicolás Maduro
Corpo do artigo
Norma Azuaje é uma líder comunitária, uma mulher que esteve toda a vida envolvida em movimentos sindicais. Nos anos 80 e 90, chegou a estar na prisão por ter exigido os seus direitos durante o período de Carlos Andrés Pérez, considerado um período muito duro para a classe trabalhadora venezuelana.
Com a chegada de Hugo Chávez, com a participação democrática promovida pelo presidente e um governo de comunas, tornou-se lider numa comunidade que enfrenta uma violência criminosa tremenda, San Juan em Caracas, no distrito capital de Caracas, é uma paróquia muito grande e que, por exemplo, decide a eleição do presidente da câmara de Caracas.
Uma ativista histórica, Norma Azuaje, em entrevista à TSF, confia absolutamente na vitória de Nicolás Maduro.
Norma Azuaje, como avalia o actual momento eleitoral na Venzuela?
Reparem, embora seja verdade que ultrapassámos situações económicas terríveis, obviamente que nem todas foram ultrapassadas, mas houve uma melhoria imensa da situação económica, passámos de não ter absolutamente nenhum alimento nas nossas prateleiras, como resultado do bloqueio, da sabotagem, da imposição de medidas coercivas, de todas estas coisas, em que nessa altura, eleitoralmente, ninguém deu nada pelo nosso presidente, pelo camarada Nicolás. Hoje, neste momento, não tenho a menor dúvida de que domingo será uma vitória retumbante da revolução.
Como pode estar confiante quando praticamente todas as sondagens que foram feitas dão ao candidato da oposição, Edmundo Gonzalez, uma vantagem entre vinte a trinta pontos?
Penso que estão a falar de uma auto-profecia auto-realizável. Bem, o que chamam de fake news, dá, especialmente no exterior, uma maioria esmagadora. Aqui na Venezuela sabemos que isso não é verdade, que não é uma maioria esmagadora.
Eu acredito que aqui, no domingo, muita gente vai votar, que no domingo vai haver uma grande afluência às urnas, se calhar vamos ultrapassar os padrões da outra eleição em termos de afluência às urnas, mas não tenho dúvidas de que Nicolás vai ganhar. O que eu acredito é que, acho que eles acabaram de o dizer há pouco, eles não vão reconhecer os resultados. Se tinham tanta certeza de que iam ganhar, porque é que não disseram logo que não iam reconhecer os resultados? Isso é como… como dizemos aqui na Venezuela, dar um pontapé na mesa, ou seja, quem está a ganhar não pára o jogo. Já o disseram e já o reconheceram publicamente, há dois dias atrás disseram porque não iam reconhecer os resultados e agora dizem novamente.
E se for o contrário, se o candidato da oposição vencer, Nicolás Maduro e o governo vão aceitar a derrota?
Se ganharem, se conseguirem ganhar o cargo, obviamente que sim, o nosso governo reconhecerá os resultados, somos um governo democrático, em 30 eleições ganhámos 28, as vezes que perdemos em 2015, perdemos a Assembleia Nacional, perdemos vários cargos de governadores e imediatamente o governo reconheceu, pelo que o nosso governo reconhecerá a derrota.
O que é que aconteceu quando reconheceram a derrota? Nomearam imediatamente o governo interino, o nefasto Juan GUaidó declarou-se presidente interino e tudo o que daí resultou para o país devido ao reconhecimento dos Estados Unidos. Os EUA e os seus aliados e tudo o que isso gerou. Nós nunca negámos o triunfo de nenhuma eleição da oposição, nunca.
Há vinte anos, com a chegada de Hugo Chávez ao poder, com a participação democrática promovida pelo então presidente e um governo de modelo comunal, a senhora tornou-se lider numa comunidade que enfrenta uma violência criminosa tremenda, San Juan em Caracas, no distrito capital, sei que é uma paróquia muito grande, tem mais de 200 mil habitantes e que, por exemplo, decide a eleição do presidente da câmara de Caracas…. Quais são os grandes desafios que têm aí nessa comunidade?
Neste momento, o grande desafio que temos nas comunidades é a consolidação das comunas. As comunas, bem, o nosso eterno comandante Hugo Chávez, quando ele nos disse que ia votar em Nicolás, disse-lhe, ‘Nicolás, deixo-te o meu povo”; ao falar comigo, disse-me, “e a ti confio-te as comunas, comunas ou nada”.
E se há alguém que sabe bem a importância do Estado comunal, é precisamente o império, os inimigos da pátria, e é por isso que nos atacam tanto. Porque o que o Estado comunal é, é o povo decidir sobre os seus orçamentos, sobre as suas obras, sobre os seus projectos, sobre o que fazer, como o vamos fazer e como o queremos fazer. Penso que este é o maior desafio que temos neste momento, já temos estado a fazer progressos nesta matéria, no exercício das comunas.
O nosso presidente estipulou que, de três em três meses, fôssemos a uma consulta eleitoral para definir os projectos que as comunidades queriam. A comunidade apresentou três projectos, o projeto que ganhou foi o que foi implementado e têm sido implementados com sucesso e eficiência.
É algo que envolve toda a população das comunas ou apenas os militantes do PSUV, o Partido Socialista Unido da Venezuela?
Não, todas as pessoas das comunas. Porque é que as comunas são a expressão organizacional de uma comunidade. Por exemplo, vejam, na paróquia de San Juan há mais de 40 bairros, certo? Cada bairro, de acordo com o número de habitantes, cria um conselho comunal e, de acordo com as regras do conselho comunal, uma vez que tenha um, é criada a comuna, que é quem decide. Por exemplo, se tu pertences a um conselho comunal, eu pertenço a outro, isso é um conselho comunal; mas se houver vários, criamos a comuna e depois começamos a visualizar quais são os projectos que convêm à comuna, para além da comunidade, que também são importantes. E tu sabes, na minha comunidade eu quero isto, mas a comuna seria melhor para nós dizermos alguma coisa; na minha comunidade eu quero um campo, mas a comunidade podia usar um estádio, bem, isto é um exemplo que estou a pôr. Isto é debatido e posto à votação…
Como é que vê Nicolás Maduro enquanto líder político?
Quanto ao Nicolas Maduro líder político, eu via-o a fazer um esforço tremendo para calçar os sapatos do gigante, e ele dizia, esses sapatos são muito grandes, cabemos todos lá dentro, eu sozinho não vou conseguir, aqui ele dizia-nos com isto, vamos todos continuar a manter o legado do nosso Comandante Chávez, ele é um líder que estava a formar a sua primeira experiência, A sua primeira experiência foi no governo, como chanceler, porque ele já vinha do movimento popular, ele tinha estado ativo no movimento popular venezuelano durante muitos anos, nas lutas sociais do nosso povo, e quando se tornou chanceler, ele foi naturalmente
treinado em política internacional, e quando chegou a sua vez de assumir a presidência. Por exemplo, Chávez teve três meses, graças à oposição e ao império, para ver o que lhe acontecia, se o conseguiam comprar ou não, e quando viram que não conseguiam, começaram a aplicar medidas terríveis. Nem sequer deram a Nicolás uma semana de oportunidade, Nicolás ganhou, começou o aconchego, o assédio grave, e do meu ponto de vista o homem conseguiu aguentar-se, conseguiu dignificar este povo, conseguiu, como dizemos aqui na Venezuela, resistir à tempestade.
Vamos voltar às eleições deste domingo. Acredita que tudo vá correr bem ou, por outro lado, tem medo que quem perca não aceite os resultados e a Venezuela entre numa espécie de convulsão social?
Há certamente este receio no país, pessoas que estão nervosas, hoje estive com um colega que disse que a Venezuela será o único país em que quando há uma eleição, as pessoas ficam tão nervosas, e porque é que ficamos nervosos, para me incluir nesse saco? Porque aqui, a oposição nunca respeitou um resultado. Já temos a experiência daquilo a que chamamos aqui as guarimbas, que foi o apelo à violência feito pelo candidato Caprino Estragón e quando perderam as eleições, isso gerou aquela onda de violência, assassinatos, destruição de ruas, de casas, bloqueios de ruas, que gerou um custo económico tremendo. Por isso, obviamente, há alguma preocupação, mas também confiança no nosso governo de que não o permitirá, porque já temos a experiência, já sabemos o que está para vir, e bem, se não estivermos preparados, há um ditado que diz, ou mataram soldados ou matam-nos agora porque foram descuidados.
Já aqui falou dos desafios para San Juan. Mas, e quais são os grandes desafios para o país?
Veja, os desafios são para a revolução, porque não há dúvida de que nós sabemos o que vai acontecer se a direita ganhar, os desafios para a revolução são continuar a consolidar este processo, continuar a sair do impasse económico em que as medidas coercivas pedidas pela burguesia nos colocaram, avançar nas questões sociais, que temos avançado bastante, consolidar o projeto bolivariano, estes são os grandes desafios, porque nós não temos dúvidas aqui, pelo menos no chavismo, não temos dúvidas de que se a direita ganhar, seremos a segunda Argentina da América.
O que é que significa para si, hoje, Hugo Ch]avez?
Essa atravessou o meu corpo! Hugo Chavez, para mim, é a esperança, é a dignidade deste povo, dignificou-nos, educou-nos, instruiu-nos, é a esperança na rua.