Svetlana Alexievich deu uma entrevista, ao jornal espanhol El País, ainda antes de ser intimada a depor num processo contra a oposição. A escritora e jornalista reconhece que o país vive um pesadelo.
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A partir da Bielorrússia, a Nobel da literatura Svetlana Alexievich, apela ao mundo para que ajude quem nas ruas do país exige eleições livre e justas. A escritora, que vai ser ouvida pelas autoridades esta quarta-feira, admite que a situação é difícil e o país está dividido.
Alexievich diz que só por estar a falar com a imprensa internacional pode ser detida a qualquer momento. Também não a ajuda o facto de pertencer ao conselho nacional de coordenação criado pela antiga candidata às presidenciais Svetlana Tsikhanouskaya. Nos últimos dias, diversos elementos do conselho foram detidos.
Ela admite que o que está a acontecer no país é um pesadelo. O ambiente mudou no domingo quando cerca de 200 mil pessoas se manifestaram nas ruas da capital. Quando o presidente apareceu armado, com o filho de 15 anos vestido como um soldado, Svetlana soube que algo ia mudar e a partir daí está em curso uma repressão total.
"Eles estão a prender todos os que não concordam com os pontos de vista do estado, ou seja de Lukashenko", denuncia a escritora que acrescenta que metade da força de trabalho do país foi despedida.
A sociedade civil está dividida e ainda não tem força suficiente para impor a democratização, por isso Alexievich diz que se o mundo civilizado não apoiar os manifestantes, o movimento vai acabar por desaparecer. "Estamos a tentar fazer algo mas não o conseguimos fazer sozinhos, precisamos de ajuda mas não sei qual", admite.
Tudo o que a oposição quer é a realização de eleições livres e justas, mas o presidente não está disponível para qualquer diálogo. "Eu entendi isso neste domingo quando vi as enormes filas de veículos militares em todas as ruas de Minsk. Os militares entraram na cidade e o Ministro do Interior avisou que vamos ter de lidar com o exército" explicou a Nobel da literatura
Svetlana Alexievich diz que não quer abandonar o país, porque está apaixonada pelos bielorrussos que são magníficos, mas estão a passar um momento muito difícil.