Também conhecida com a "Dama de Ferro", María Corina Machado é "um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina", ao conseguir unir a oposição venezuelana, outrora "muito dividida", na luta pela transição da ditadura de Nicolás Maduro para uma democracia
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O Prémio Nobel da Paz foi atribuído à venezuelana María Corina Machado pela luta "corajosa" da ativista para "manter a chama da democracia acessa no meio da escuridão", anunciou esta sexta-feira a Real Academia Sueca.
Também conhecida com a "Dama de Ferro", María Corina Machado é "um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina", ao conseguir unir a oposição venezuelana, outrora "muito dividida", na luta pela transição da ditadura de Nicolás Maduro para a democracia.
A ex-deputada da Assembleia Nacional da Venezuela entre 2011 e 2014 tem defendido eleições livres no país, ao mesmo tempo que promove os direitos do povo venezuelano.
O anúncio foi feito às 10h00 (em Lisboa) e é feito num contexto sombrio: desde 1946, ano que marca o início destas estatísticas, nunca o número de conflitos armados a envolver pelo menos um Estado foi tão elevado como em 2024, de acordo com a Universidade sueca de Uppsala.
A divulgação do vencedor do galardão surge cerca de 48 horas depois de Donald Trump ter anunciado que Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas tinham chegado a acordo e aprovado a primeira fase de um plano de paz para Gaza, impulsionado pelo líder norte-americano.
Trump, que já afirmou considerar que será um insulto para os Estados Unidos se não receber o Nobel da Paz, disse na quinta-feira que o acordo alcançado entre Israel e o Hamas representa o oitavo conflito resolvido sob a sua liderança e que a guerra na Ucrânia será “a próxima” a terminar.
Este ano, 338 indivíduos e organizações foram propostos para o Nobel da Paz, lista que vai permanecer secreta durante 50 anos.
Em 2024, o Nobel da Paz foi dado à organização japonesa Nihon Hidankyo (Confederação Japonesa de Organizações de Vítimas de Bombas A e H), um grupo formado por sobreviventes das bombas atómicas lançadas no Japão durante a Segunda Guerra Mundial e que defende a abolição de armas nucleares.
Os prémios Nobel nasceram da vontade do químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel em doar a imensa fortuna para o reconhecimento de personalidades que prestassem serviços à Humanidade.
O inventor da dinamite expôs este desejo num testamento redigido em Paris em 1895, um ano antes de morrer. Os prémios foram atribuídos pela primeira vez em 1901.
Desde esse ano, 105 Nobel da Paz foram atribuídos, com um total de 142 laureados (111 indivíduos e 31 organizações). Em 19 ocasiões este prémio não foi atribuído.
Entre os laureados, 19 foram mulheres e em três ocasiões o Nobel da Paz foi partilhado por três laureados, foi o caso do ano de 1994 quando Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin foram distinguidos “pelos esforços para criar a paz no Médio Oriente”.
A entrega do Nobel da Paz realiza-se a 10 de dezembro, data que assinala o aniversário da morte do fundador, em Oslo.