Noroeste de Myanmar é "zona problemática" para sismos. Geólogo alerta para possíveis réplicas ao longo de "muitos meses"
Pelo menos 14 pessoas morreram na sequência do forte sismo de magnitude 7.7 que atingiu vários países asiáticos
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O noroeste de Myanmar, que esta sexta-feira foi atingido por um sismo de magnitude 7.7 na escala de Richter, é uma "zona problemática que está numa fronteira de placas" e, por isso, a preocupação reside agora no facto de ser "muito comum haver réplicas durante muitos meses".
Em declarações à TSF, o geólogo do Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra Fernando Carlos Lopes explica que a zona afetada se situa entre a fronteira de placas tectónicas da euro-ásia e indo-australiana.
Esta faixa de "deformação", afirma, está "fraturada e tem falhas", pelo que é uma zona "que está sujeita a sismos".
"Recordo que um pouco mais a sul, em 2004, houve um sismo de grande magnitude que gerou um tsunami que varreu o Índico todo. Foi uma grande catástrofe natural, não só pelo sismo em si, mas sobretudo pelo tsunami", assinala.
A tudo isto junta-se o facto de o noroeste de Myanmar ser "densamente povoado", pelo que a conjunção destes fatores faz com que seja altamente provável que possam existir "estragos e vítimas".
Mas o geólogo alerta ainda que a preocupação agora reside no facto de ser "muito comum haver réplicas" que podem prolongar-se durante "muitos meses".
"Há o sismo principal, que é o evento que liberta mais energia, e depois vai havendo todo um outro processo de equilíbrio, que vai acabar por estabelecer o equilíbrio da região depois da grande libertação de energia e do grande deslizamento ao longo da falha", explica, apontando que são estes "ajustes" que dão origem às réplicas.
Ainda assim, estes fenómenos nunca atingem a mesma magnitude do sismo principal. Mas o processo de ajuste pode levar até um ano para estar concluído.
Pelo menos 14 pessoas morreram na sequência do forte sismo de magnitude 7.7 que atingiu vários países asiáticos e que foi sentido com grande intensidade na Tailândia. Em Myanmar, morreram oito pessoas após a queda de um prédio em Mandalay e outras três morreram em Taungoo, quando uma mesquita desabou parcialmente. Já na Tailândia, morreram outras três pessoas na sequência do colapso de um edifício de trinta andares em construção em Banguecoque.