Em caso de vitória para a coligação Juntos pela República, a questão que se coloca é se Emmanuel Macron manterá Gabriel Attal no cargo de primeiro-ministro
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Das eleições legislativas antecipadas depende a composição do próximo Governo francês e a escolha da pessoa que o vai dirigir continua a ser uma incógnita.
Em caso de vitória para a coligação Juntos pela República, a questão que se coloca é se Emmanuel Macron manterá Gabriel Attal no cargo de primeiro-ministro, apesar das relações estarem tensas desde a dissolução do Parlamento.
No partido de extrema-direita, União Nacional, Jordan Bardella, deixa dúvidas. Nas sucessivas entrevistas dá a entender que não quer assumir a liderança do próximo governo sem maioria absoluta.
À esquerda a questão fica sem resposta. Para o líder da França Insubmissa, Jean Luc Mélenchon, o partido que tiver tido o maior número de deputados eleitos escolhe o próximo primeiro-ministro. No entanto, o primeiro secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, não concorda: em caso de vitória exige que a escolha seja feita pelos deputados eleitos desta coligação das esquerdas francesas. A questão central é a batalha para encontrar uma hegemonia à esquerda.
Desde 2022, a França Insubmissa domina as forças das esquerdas. Jean Luc Mélenchon atingiu 22% nas últimas presidenciais, restringindo o PS, o partido comunista e os ecologistas a criar uma coligação NUPES e pedia, na altura, aos eleitores que o escolhessem como primeiro-ministro.
As eleições europeias fizeram com que a relação de forças à esquerda evoluísse. Os socialistas com Raphaël Glucksmann fizeram 14% melhor do que a França Insubmissa. Um resultado influenciou as negociações para criar a Nova Frente Popular na semana passada, foi atribuído um maior número de circunscrições ao PS 175, 100 circunscrições a mais do que em 2022, por seu lado a França Insubmissa passou de 330 candidatos investidos há dois anos para 230 este ano.
Jean-Luc Mélenchon deixou de ser tão categórico quanto à inspiração de ser primeiro-ministro - "se pensam que não devo ser chefe de governo, não o serei", afirmava o líder da França Insubmissa. Em resposta, o primeiro secretário do PS, Olivier Faure, defende uma escolha que resulte do voto dos deputados eleitos, mas para isso é preciso de que esta união das esquerdas vença estas legislativas e isso significa eleger mais de 289 deputados no parlamento ou aproximar-se deste número para ter uma maioria relativa. Nesta fase, este cenário está longe de acontecer, uma vez que o partido de extrema-direita venceu as eleições europeias e vive uma dinâmica eleitoral que o aponta como favorito nas mais recentes sondagens.
Todo este debate para saber quem vai ser o próximo primeiro-ministro, mas esta é antes de mais uma forma de enviar mensagens aos eleitores susceptível de votar à esquerda, trata-se de instalar a ideia de que uma vitória é possível para mobilizar o maior número de eleitores.
