Durante o mês de julho, as mortes em Gaza por falta de alimentos dispararam depois de meses de bloqueio à ajuda humanitária por Israel, que controla todo o acesso ao território
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O número de crianças que morreram em Gaza devido à desnutrição ou fome desde o início da ofensiva israelita subiu este domingo para 100, de acordo com a última contagem publicada pelo Ministério da Saúde de Gaza.
Este número significa que quase metade do total de mortes por desnutrição, que agora chega a 210, foi de crianças nestes quase dois anos de ofensiva israelita contra Gaza.
Hospitais na Faixa registaram cinco mortes por fome no sábado, incluindo duas crianças, de acordo com um comunicado do ministério da Saúde de Gaza.
Durante o mês de julho, as mortes em Gaza por falta de alimentos dispararam depois de meses de bloqueio à ajuda humanitária por Israel, que controla todo o acesso ao território.
Entre 2 de março e 19 de maio, o bloqueio foi total, enquanto o fluxo de ajuda agora é muito limitado e insuficiente, denunciam organizações humanitárias.
Entretanto, Israel avançou este domingo que, na última semana, entre 3 e 9 de agosto, 1900 camiões de ajuda humanitária foram recolhidos e distribuídos na Faixa de Gaza através das passagens de Zikim (no norte) e Kerem Shalom (no sul).
Estes 1900 camiões são equivalentes a uma média de 270 caminhões por dia, contra os 600 necessários, segundo organizações humanitárias, para atender às necessidades dos moradores de Gaza.
No entanto, os centros de distribuição de ajuda humanitária são geridos pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF).
Desde 27 de maio, quando este novo modelo de distribuição de ajuda começou a funcionar, obrigando os habitantes de Gaza a percorrer quilómetros para tentar obter alimentos e a atravessar zonas de combate. Entre 27 de maio e 31 de julho, 859 pessoas foram mortas perto de pontos de distribuição da GHF.
As agências da ONU e as organizações humanitárias descreveram o mecanismo como "uma armadilha mortal" para uma população civil faminta e exigiram que Israel abrisse os postos fronteiriços e permitisse a entrada maciça de ajuda.
Do total, a COGAT, agência israelita responsável por assuntos civis nos territórios palestinianos ocupados, afirma que mais de 1300 camiões continham, principalmente, alimentos.
"Continuaremos a fornecer ajuda humanitária a Gaza para a população civil, não para o Hamas", diz o comunicado.
O Governo de Gaza afirma que a maioria dos camiões que entram em Gaza é saqueada, por civis famintos e também por gangues armados, devido à falta de medidas de segurança por parte de Israel, que os impede de chegar com segurança aos armazéns para que a ajuda possa ser distribuída.