Na capital francesa, a verdadeira quarentena começou há uma semana. Da janela, o luso-francês Nuno Pires ouve agora o silêncio e os pássaros, quando antes apenas ouvia automóveis e pessoas.
Corpo do artigo
Apenas depois de uma intervenção do presidente Emmanuel Macron, os franceses começaram a ficar em casa. Antes disso, conta o luso-francês Nuno Pires, a vida continuava como sempre.
"As pessoas continuaram a ir ao trabalho e houve muitas pessoas no fim de semana antes a passear na rua porque foi o primeiro fim de semana de sol. Este comportamento das pessoas foi o que levou o presidente a decidir uma quarentena muito mais severa. E desde segunda-feira, as pessoas praticamente não saem de casa."
TSF\audio\2020\03\noticias\23\claudia_arsenio_paris
Agora as ruas de Paris estão quase vazias e para sair de casa é necessária uma autorização que se imprime a partir de um site oficial na internet. "É preciso preencher um papel com cinco razões para sair: uma delas é fazer compras, outra é ir ao médico, outra ajudar um familiar com dificuldades, outra é fazer exercício físico ou passear o cão. Isso ainda é permitido, mas só uma pessoa de cada vez e por pouco tempo, perto de casa."
Quem não cumprir, recebe uma multa que pode ir dos 38 aos 135 euros. As multas são aplicadas por cerca de 100 mil polícias e polícias militares que formaram em todo o território pontos de verificação para quem se desloca nas ruas das vilas e cidades. Só nos primeiros três dias da quarentena, foram multadas mais de quatro mil pessoas.
Quem sai à rua para fazer compras ou ir à farmácia tem respeitado a distância nas filas, para evitar a contaminação, mas não é apenas cuidado, desabafa Nuno Pires: "Sente-se realmente uma espécie de medo, medo uns dos outros. É uma mistura entre medo e proteção. Temos medo dos outros e queremos ao mesmo tempo protegê-los."
Nuno Pires tenta manter-se positivo, até porque as novas tecnologias dão uma ajuda. "É muito mais fácil viver uma pandemia destas na nossa época, a internet facilita trabalho à distância, facilita comunicação com familiares e amigos."
Um dia a seguir ao outro, uma das cidades com mais turistas do mundo, onde agora impera o silêncio.
"É muito estranho ver Paris e ouvir Paris nestes dias, porque está tudo silencioso. Paris é uma capital com muitos carros e pessoas nas ruas, sempre. Nunca se ouviu assim os pássaros, por exemplo. O que é um pouco positivo nesta história toda. Parece que estamos numa cidade vazia, num filme futurístico."
11969407