O relato de um cidadão na Croácia, que testemunhou a destruição e o pânico após o sismo que abalou o país.
Corpo do artigo
Na Croácia, desde as seis horas da manhã e num período de 14 minutos, o país registou mais três sismos. Damjan Beusan, vive em Zagreb e, apesar de estar a cerca de 60 km do epicentro do terramoto, sentiu o abalo desta terça-feira.
Damjan Beusan conta que desde março que o país tem sido atingido por vários sismos, mas o desta terça-feira foi o mais grave. "Tenho 42 anos e nunca senti nada assim, é uma coisa louca o que está a acontecer. O terramoto de ontem durou cerca de 20 segundos, depois todos saíram em pânico para as ruas... O medo ainda se sente por toda a cidade".
13182616
Damjan Beusan é guia turístico, tem uma licenciatura em psicologia que está agora a exercer, e conta que estava a trabalhar quando, ao meio-dia, o país foi atingido pelo sismo de 6,2 na escala de Richter. "Eu estava a trabalhar, estava numa terapia em que falávamos precisamente do sismo de segunda-feira, de há dois dias. Nesse momento, começa o terramoto. Peguei na senhora, protegemo-nos num quarto que achei mais seguro e, depois de esperar que parasse, sem pânico mas com muito medo, saímos para a rua e vimos que todos na rua estavam em pânico, a fugirem nos carros, uma confusão no trânsito! Ninguém conseguia sair da cidade porque estávamos todos a querer sair."
TSF\audio\2020\12\noticias\30\damian_beusan_4_descreve_destruicao
Através das imagens que vê na televisão, Damjan Beusan descreve a destruição. "Casas e estradas totalmente destruídas, muitos carros completamente destruídos... houve uma situação em que um pai e o filho pequeno ficaram encarcerados, porque algo caiu por cima do carro. O pior é que há dois dias já tinha havido um terramoto, perto das seis da manhã, e já tinha provocado destruição. Quando ontem ocorreu o sismo, havia muitas equipas de televisão na rua e muitas pessoas a ajudar. Ontem estava um dia de sol, 10 graus, e, pouco depois do meio-dia, sentimos aquilo..."
Devido à pandemia de Covid-19, o Governo croata impedia viagens entre regiões durante este período de festas. Damian Beusan conta que esta limitação já foi levantada e que são muitos os que estão a fugir para outras casas ou para junto de familiares.
"Estamos em lockdown, não podíamos sair da cidade ou atravessar regiões, estávamos proibidos de viajar durante esta época de festas. Mas, esta manhã, o Governo reagiu e, depois do terramoto, avisou que é permitido viajar por todo o país. Há muitas pessoas que querem fugir para outras cidades onde têm familiares. Tem havido muita ajuda, hotéis que estão vazios e ofereceram alojamento para as famílias e sem qualquer custo", conta.
Esta quarta-feira, os jornais croatas contam que estão todos muito assustados, com medo de regressar a casa, muitas pessoas optaram por passar a noite nos carros ou em tendas. Durante a noite as equipas de socorro continuaram à procura de vítimas entre os escombros.
As autoridades mantêm o balanço de sete mortes e mais de 20 feridos. A localidade de Petrinja foi uma das mais atingidas pelo sismo, que teve o seu epicentro a cerca de 50 quilómetros da capital Zagreb.