O Boeing 737 Max está a ser banido dos céus. O que falta saber sobre o acidente aéreo na Etiópia?
Em menos de cinco meses, 346 pessoas morreram em dois acidentes aéreos. O primeiro aconteceu em outubro, na Indonésia, o segundo este domingo, na Etiópia. Nos dois casos esteve envolvido o novo modelo da Boeing. O já polémico 737 Max 8, que está a ser banido do espaço aéreo mundial.
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Os dois acidentes estão ainda por explicar e, por isso, um pouco por todo o mundo, o aparelho apresentado há pouco mais de dois anos pela companhia aeroespacial norte americana está suspenso de voar.
No caso do último acidente, os investigadores ainda estão a trabalhar entre os destroços à procura de respostas. As caixas negras já foram encontradas, mas ainda não foi possível analisar os dados que permitam esclarecer algumas das dúvidas.
O que levou o avião a despenhar-se?
Tal como em outubro, o aparelho caiu poucos minutos depois de ter levantado voo. No caso da Indonésia sabe-se que os pilotos lutaram contra problemas desde a descolagem. Um novo sistema automático de estabilização, criado para corrigir a posição do nariz do avião, estava a receber leituras incorretas do sensor e a tripulação não conseguiu desligá-lo. No aparelho da Ethiopian Airlines, os dados de voo e as gravações do cockpit vão ser decisivos.
Para já, há alguma expectativa para saber onde é que as caixas negras vão ser analisadas. O presidente da companhia aérea da Etiópia já disse que vão ser enviadas para outro país e os primeiros esclarecimentos podem surgir já nos próximos dias.
Haverá uma ligação entre os dois acidentes?
O avião envolvido é do mesmo modelo, há algumas semelhanças entre os dois desastres, mas ainda é cedo para tirar conclusões.
Cada voo caiu minutos depois da descolagem, durante uma fase de voo em que os acidentes fatais não são muito comuns. O voo da Lion Air esteve no ar apenas 13 minutos antes de cair, enquanto o da Ethiopian Airlines despenhou-se 6 minutos depois de ter descolado do aeroporto de Adis Abeba. Os dois aparelhos sofreram, numa primeira fase, uma perda brusca de altitude - que chegaram a conseguir recuperar -, mas não de forma suficiente a evitar a queda. No caso do aparelho da Lion Air, os movimentos erráticos foram mais extremos. Testemunhas do acidente na Etiópia disseram à CNN que viram fumo a sair do aparelho, o que não aconteceu no caso indonésio.
É claro que tudo pode não passar de uma coincidência, mas a verdade é que o 737 da Boeing tem um excelente histórico de segurança. Em cima da mesa está ainda a possibilidade de erro humano, falha técnica ou terrorismo.
Os pilotos da Ethiopian Airlines comunicaram algum problema?
Um dos pilotos contactou a torre para dar conta de alguns problemas técnicos com o controlo de voo, pediu autorização para regressar, mas pouco depois as comunicações perderam-se. Durante o tempo em que esteve em contacto, o piloto não especificou os problemas detetados.
Por enquanto, pouco se sabe sobre os homens que iam aos comandos do voo de domingo. A companhia aérea revelou que um dos pilotos tinha mais de 8 mil horas de voo e uma avaliação extremamente positiva.
Porque é que os reguladores e companhias aéreas estão a agir de formas diferentes?
Na segunda-feira, a Boeing sublinhou que, apesar dos dois acidentes, não existem razões para emitir novas orientações aos operadores. Os passageiros, no entanto, estão inquietos em relação à segurança do 737 Max 8.
Perante as dúvidas e os receios, algumas companhias aéreas, reguladores e países optaram pela prudência. Decidiram suspender os voos e o sobrevoo do seu espaço aéreo por estes aparelhos, enquanto são feitas averiguações, testados os sistemas e até que sejam conhecidos mais detalhes da investigação.
Voar ainda pode ser a forma mais segura de viajar, mas o número de vítimas causado por cada acidente é motivo de cada vez maior preocupação.