Avanços e recuos. Muitas "cabeças" decapitadas. E um processo que, apesar de parecer fechado, ainda não está. Se já se perdeu nesta história, tem aqui um resumo rápido do processo que nos trouxe até ao Brexit.
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Foi um longo e espinhoso caminho, aquele que o Reino Unido e a União Europeia percorreram desde o referendo em 2016 até ao momento da saída, marcado para esta sexta-feira. Há três anos, o Brexit venceu com 51.9%, levou à demissão de David Cameron, mas o balanço deste evento único na história da Europa, ainda está longe de estar feito.
A sucessora de Cameron foi Theresa May que se tornou primeira-ministra a 13 de julho de 2016. Apesar de ter feito campanha para que o país se mantivesse na União Europeia, foi May que ficou encarregue de concretizar a saída. A 29 de maio de 2017 a primeira-ministra acionou o artigo 50 do tratado de Lisboa dando inicio ao processo. Três meses depois May convocou eleições antecipadas, mas o resultado não foi o esperado. Os conservadores perderam a maioria no parlamento e precisaram de contar com o partido unionista da Irlanda do Norte.
O resultado das eleições enfraqueceu de forma permanente a reputação de Teresa May. Alguns observadores afirmaram, na altura, que ela parecia um antípode ferido e alvo dos predadores. Em julho de 2018 a chefe de governo convocou uma reunião do governo para apresentar o plano de saída que queria levar a Bruxelas. Ao contrário do consenso que procurava o governo começou a desintegrar-se. Primeiro foi o ministro do Brexit, David Davis que se demitiu em desacordo com o plano. Pouco depois era a vez de o ministro dos negócios estrangeiros seguir o mesmo caminho. Boris Johnson chamou ao plano um cinto de explosivos colocado na constituição.
Um problema chamado Irlanda
A Irlanda do Norte começava a ser o grande obstáculo a um entendimento. O chamado backstop levantava bandeiras vermelhas no Reino Unido. No final do ano essa solução mantinha-se no acordo entre Londres e Bruxelas. Os apoiantes mais radicais do Brexit e os unionistas da Irlanda do Norte manifestaram indignação por considerarem que as regras europeias continuavam a aplicar-se ao Reino Unido.
Em janeiro de 2019 May levava o acordo à votação no parlamento e sofria a maior derrota na história parlamentar do país. O "não" ganhou com 432 votos contra 202. Em março, apesar da União Europeia garantir que o backstop seria uma solução temporária, o plano foi de novo chumbado.
Em abril o prazo para a saída foi prolongado até dia 31 de outubro. A União Europeia começava a dar sinais de alguma irritação por o processo não avançar. Dois meses depois, cansada de uma luta que estava destinada a perder Theresa May apresentou a demissão.
Em julho começa a era de Boris Johnson. Em setembro, depois de ter tentado sem sucesso suspender o parlamento, Johnson convocou eleições e ganhou com maioria. Sem conseguir a aprovação do acordo, o novo primeiro-ministro adiou a saída até 31 de janeiro.
Chegámos então ao dia 31 de janeiro. Durante a semana os eurodeputados britânicos começaram as despedidas e para alguns representantes vão deixar saudades.
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