O coronel que nega que Bolsonaro é de extrema-direita e que o Brasil viveu em ditadura
Fernando Montenegro foi entrevistado nas manhãs da TSF. O coronel na reserva acredita que Bolsonaro não é um político de extrema-direita e sublinha, por outro lado, que o PT não defende a democracia.
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Foi paraquedista militar, liderou tropas em operações especiais, comandou a operação militar no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e é especialista em segurança. Fernando Montenegro, coronel na reserva, professor na Universidade Autónoma de Lisboa, apoiou ativamente Jair Bolsonaro e esteve à conversa nas manhãs da TSF.
O coronel atribui a vitória do candidato do PSL a uma descrença no Partido dos Trabalhadores (PT), que dirigiu o Brasil nos últimos 16 anos.
"As pessoas cansaram-se de uma sequência de mentiras que foi sendo apresentada ao longo dos quatro mandatos do PT."
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Fernando Montenegro acredita que o PT, ao contrário do que apregoa, não defende a democracia: "Eles apresentam um discurso democrático, mas o que ocorre na verdade não é bem assim. É um partido que tem na sua matriz, no seu DNA, um movimento extremamente violento, como o Movimento dos Sem Terra, que invade as propriedades produtivas, destrói tudo."
Por outro lado, Montenegro acredita que o Golpe de Estado no Brasil em 1964 não deu origem a um regime ditatorial: "Não é uma ditadura, porque um ditador é uma pessoa que se senta numa cadeira e fica lá até morrer e depois passa para o filho. O que aconteceu ali foi uma sequência de seis generais. E o primeiro Presidente brasileiro foi eleito por aclamação pelo Congresso Nacional, o Congresso não foi fechado."
Para além disso, o coronel recusa associar o rótulo de extrema-direita a Bolsonaro.
"Eu acho que ele é um centro-direita. Só que o Brasil ficou muito tempo sem direita. Então, quando aparece uma pessoa de direita já lhe chamam de extrema-direita. Talvez há 20 anos ele fosse de extrema-direita - e até fez algumas declarações polémicas - mas ele já se retratou disso, já pediu desculpas, ele disse que mudou. Eu acredito que sim."
Noutro plano, Fernando Montenegro refere uma mudança no paradigma da divulgação da mensagem política, graças às redes sociais, e lembra que os jornais já não são a única fonte de consumo de informação.
"O Bolsonaro sozinho, transmitindo ao vivo pelo telemóvel dele, tem muito mais audiência, às vezes, do que a própria rede Globo, no Brasil."
*Com Fernando Alves