Em Daraya, subúrbio de Damasco, as crianças não têm que o que comer, nem beber. Pela primeira vez em quatro anos, ontem chegou alguma ajuda internacional. Mas não é suficiente.
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Os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França apelam às Nações Unidas para ajudarem as povoações sitiadas na Síria.
Ontem terminou o prazo para as forças governamentais autorizarem a entrada de ajuda humanitária nessas localidades, mas o acordo não foi cumprido.
Daraya, nos arredores de Damasco, está sem apoio desde 2012 e ontem foi dada luz verde apenas a alguns carros com comida e medicamentos. Uma ajuda ainda claramente insuficiente.
A BBC teve acesso a um vídeo filmado por um habitante de Daraya, em que as crianças contam que não têm nada para comer ou beber.
Para além dos poucos mantimentos que ontem entraram em Daraya, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França querem que comece a ser lançada ajuda pelo ar.
O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se amanhã para tomar uma decisão.
Mas não é só na Síria que se vivem situações dramáticas. Também no Iraque há locais a causar preocupação, com Fallujah no centro das atenções.
Fallujah é uma cidade a curta distância a oeste da capital, nas margens do rio Eufrates.
Nos últimos dias tem-se intensificado a ofensiva do exército iraquiano contra a cidade, ocupada pelo Daesh.
No interior, estão cerca de 20 a 25 mil crianças às quais a UNICEF não consegue chegar.
Jeffrey Bates é um dos representantes da organização no Iraque.
Ele questiona se "serão apanhadas indireta ou diretamente nos combates. Também nos preocupa a falta de comida, medicamentos e outros produtos essenciais, porque a cidade tem estado praticamente cercada há dois anos."
Ouvido pela TSF, diz Jeffrey Bates diz que não sabe ao certo que comida e serviços ainda existem, mas que as informações que lhe chegam é de que não há praticamente nada, o que ameaça a saúde física e psicológica das crianças.
Sem aulas e sendo testemunhas permanentes da guerra, "isso vai ter um impacto profundo na capacidade destas crianças se tornarem adultos saudáveis e produtivos".
As pessoas que têm conseguido sair de Falujah dizem à UNICEF que as condições de vida são muito más, sem água, nem comida.
A organização da ONU que defende as crianças tem estado em contacto direto com o governo iraquiano para garantir a ajuda necessária a quem consegue escapar ao Daesh.
Desde 20 de maio, dez mil pessoas terão conseguido escapar de Falujah. Cinco 5 mil serão crianças.