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Rafael Barros, ex-presidiário, parecia regenerado. Mas a compulsão pelo creme de chocolate com avelãs traiu-o.
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No ambiente politicamente tão polarizado do Brasil nos últimos anos, em que as duas metades da população se acusam mutuamente de "comunista" e de "fascista", outros antagonismos menores, em jeito de piada, ganharam as redes sociais. A divisão entre os brasileiros que dizem "biscoito", mais os cariocas, e os que dizem "bolacha", mais os paulistas, por exemplo.
E entre os que gostam das coisas "raiz", estilo "samba raiz", "sertanejo raiz", "feijoada raiz" ou "cacau raiz" e os que as preferem de modo "nutella", isto é, numa versão mais moderna, mais gourmet, mais premium, menos tradicional.
Vem esta introdução a propósito de Rafael Barros, um ex-presidiário de Uruaçu, pequena cidade do estado de Goiás, a 300 quilómetros da capital federal Brasília, que voltou a ser detido pela polícia, em flagrante, depois de anos de aparente ótimo comportamento em liberdade.
De facto, Barros não matou ninguém, longe disso.
Não roubou apartamentos, carros, jóias, nada.
Nem sequer desviou medicamentos, álcool ou outras drogas para consumo pessoal.
Mas causou ao dono de um pequeno supermercado de Uruaçu um prejuízo de mais de 1000 reais, cerca de 250 euros, ao longo de meses. Barros roubava uma, duas ou três embalagens de Nutella enfiadas nas calças quase todos os dias, religiosamente.
Depois, não resistia a publicar fotos suas na internet a barrar o creme italiano de chocolate e avelã no pão, com legendas do tipo "é só para quem gosta".
No Brasil, já nem há mais ladrões à moda antiga, raiz, portanto. Só ladrões Nutella.