O fim da agência de ajuda externa dos EUA? “Para o grosso das associações humanitárias vai ser gravíssimo”
A decisão anunciada pelos Estados Unidos pode pôr em causa trabalho humanitário em vários locais do mundo
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Depois de Elon Musk ter afirmado na rede X que o Presidente norte-americano, Donald Trump, iria decretar o encerramento da USAID, a agência governamental de ajuda e desenvolvimento internacional dos Estados Unidos, o alerta soou nas Organizações Não Governamentais (ONG's) que fazem trabalho humanitário. Se a decisão for posta em prática, muitas associações podem ter os seus projetos em causa. Uma delas é a Oikos - Cooperação e Desenvolvimento.
Apesar de as ajudas financeiras da Oikos serem maioritariamente provenientes de fundos europeus e nacionais, há projetos que também são financiados pela USAID. Por isso, esta associação antecipa que esses projetos possam ficar pelo caminho, em Moçambique e na América Central.
“Em Moçambique temos projetos na área da construção de escolas com materiais locais e técnicas resilientes aos ciclones, que são frequentes em Moçambique”, explica o diretor-geral da associação, em declarações à TSF.
Cabo Delgado é uma das regiões onde a Oikos atua e onde já “há custos adiantados pela própria Oikos e obra executada”. Um outro projeto na América Central, que pode estar em causa, é o que tem por objetivo o fortalecimento da sociedade civil e a igualdade de género.
Há ainda muita incerteza a pairar sobre o anúncio feito por Musk e João José Fernandes adianta que não se sabe se o financiamento que é feito às Nações Unidas e depois canalizado para estas associações humanitárias também vai parar. De qualquer forma, acredita que “para o grosso das associações que trabalham em ajuda humanitária vai ser gravíssimo”.
“O financiamento da USAID era muito relevante em países de África, América Latina e Ásia, mas também as organizações americanas que têm tradição forte de intervenção forte e de filantropia serão as primeiras a ser impactadas”, afirma.
“Não sabemos se é um corte de verbas ou a realocação de verbas para o departamento do Estado e, portanto, um controlo político muito maior”, adianta. O diretor-geral da Oikos receia que estes “ventos de mudança” estejam já a alastrar a vários países europeus.
“Deixa de haver uma sensibilidade para aquilo que são as necessidades das populações mais pobres, para serem utilizadas verbas naqueles que são 'os bons alunos', aqueles que seguem uma determinada linha política, fazem negócio connosco, etc”, lamenta.