A passagem do Idai trouxe ajuda do Programa Alimentar Mundial para milhares de pessoas no Dondo, uma das regiões mais afectadas pelo ciclone. Mas o apoio termina no final de Março.
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A assistência do Programa Alimentar Mundial (PAM) chegou ao bairro de Mussassa, no distrito do Dondo, em Novembro do ano passado. O apoio abrange 12.125 famílias (cerca de 60 mil pessoas), cobrindo a época de escassez, até ao final de Março.
Depois de receberem uma senha, os beneficiários são identificados através de uma impressão digital, levantam um voucher e passam por uma acção de sensibilização, num processo que demora cerca de três horas. Cada família beneficiária recebe um voucher no valor de 2500 meticais (o equivalente a 35 euros) por mês, para gastar em compras nas três lojas identificadas pelo PAM. Arroz, farinha de milho, óleo, sabão e produtos frescos como frango e peixe são dos produtos mais procurados, revela Ilídio Sitoe, o coordenador do projecto da organização Food for the hungry, parceiro da ONU, no programa de assistência alimentar no Dondo, uma das regiões mais atingidas pelo Idai. "Aconselhamos as pessoas a não correrem todas para a loja, porque o voucher é válido por 30 dias, para evitar as enchentes".
Os 2500 meticais por mês têm de ser esticados numa família de oito pessoas, como a de Celina Zionjo. Com seis filhos, esta beneficiária conta que é preciso "aguentar, pouco a pouco, comer e saciar com água", mas Celina considera que "o Idai foi bom", porque antes do ciclone as pessoas estavam a "morrer de fome". Agora, com a ajuda internacional, "ficou melhor".
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O coordenador das verbas do PAM, Ryan Webb, admite que o fim do programa de assistência vai levar muitas famílias a sofrer de fome, até porque "a época de escassez vai continuar por mais tempo do que o normal", entrando pelo mês de Abril e até Maio. "Infelizmente, os nossos recursos são limitados", lamenta Ryan Webb, explicando que o PAM vai dirigir todos os esforços para os campos onde se encontram os deslocados do Idai. Um ano depois, há ainda 27 campos no distrito do Dondo, num total de 40 mil desalojados.