Centro hospitalar inaugurado com pompa, aparece fechado no dia seguinte. Secretário responsável disse que só queria agradar ao governador
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Nem sempre os cidadãos do carente estado nordestino do Sergipe têm notícias boas para comemorar. Menos ainda os que, desesperados, precisam de fazer tratamentos regulares de hemodiálise.
Mas Jackson Barreto, o governador sergipano, membro do mesmo MDB do presidente Michel Temer, deu finalmente uma boa nova: a criação na capital Aracaju de uma enfermaria com 35 camas e 16 máquinas de hemodiálise, estrutura inaugurada com pompa, circunstância, jornais, rádios e televisões, até porque Barreto vai concorrer a uma vaga no Senado Federal e precisa de votos.
"Uma obra de grande importância para o renal crónico de Sergipe", disse na ocasião Lúcio Alves, que preside à associação dos que sofrem com a doença no estado.
No dia seguinte, Lúcio e os doentes renais entraram no tão ansiado local, cuja reluzente placa a dizer "inaugurado por sua excelência o governador do Sergipe Jackson Barreto" ilustrava a importância da obra, e viram... nada. Nem uma máquina, nem um leito. Nada.
Os equipamentos foram desmontados e retirados num ápice porque afinal ainda não estavam prontos.
O secretário estadual de saúde, Almeida Lima, justificou dias depois a "inauguração fake", assumindo que foi apenas uma tentativa sua de agradar ao governador e ajudá-lo na eleição para o Senado. Acontece no Sergipe, acontece no Brasil.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da TSF a crónica Acontece no Brasil.