O novo livro assinado por Bento XVI e Robert Sarah tem uma posição crítica relativamente a Francisco.
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Está instaurada a polémica no Vaticano. O controverso livro que defende o celibato dos sacerdotes como regra inviolável chega às livrarias francesas esta quinta-feira, mas Bento XVI pediu que o seu nome fosse retirado da publicação.
"Por indicação do Papa emérito, pedi ao cardeal Robert Sarah", coautor da obra, "que contactasse os editores do livro pedindo que removessem o nome de Bento XVI", disse Dom Gaenswein, secretário particular de Bento XVI citado pela agência noticiosa italiana ANSA.
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Para frei bento Domingues, esta é uma manobra evidente para perturbar a opinião pública e que pode condicionar a decisão do Papa Francisco sobre a proposta de ordenar homens casados feita no Sínodo na Amazónia.
Em declarações à TSF, o teólogo defende que Joseph Ratzinger já se devia retirado e não devia ter ficado a viver em Roma, que foi "a primeira grande embrulhada". A figura do Papa emérito não passa de uma pressão adicional para Francisco, considera.
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Ratzinger devia afastar-se do Vaticano e "até podia emitir as suas opiniões", mas "sem a auréola de ter sido Papa. É uma questão de decência profissional", reforça frei bento Domingues.
Este caso está a ser classificado como uma tentativa de manipular Bento XVI, que completará 93 anos em abril, através da área mais conservadora da Igreja, a enfrentar o Papa Francisco.
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Antes de se tornar Papa, Joseph Ratzinger era uma pessoa diferente, diz frei bento Domingues. "Parece que lhe subiu o poder à cabeça."
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O livro sob a chancela da editora francesa Fayard, intitulado "Do mais profundo dos nossos corações" ("Des profondeurs de nos coeurs"), defende que "é urgente, necessário, que todos, bispos, sacerdotes e leigos, redescubram um olhar de fé na Igreja e no celibato sacerdotal que protege o seu mistério".
Isto numa altura em o Papa Francisco está em vias de tomar uma decisão acerca do pedido para ordenação de homens casados como sacerdotes como solução para a escassez de clérigos na Amazónia, uma proposta histórica que pode pôr fim a séculos de tradição católica romana.
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Os representantes do Papa Emérito asseguram que este "nunca aprovou nenhum projeto de livro com assinatura dupla" com o cardeal Robert Sarah. Limitou-se a enviar um texto sobre o sacerdócio, autorizando-o a usá-lo, mas "não tinha aprovado nenhum livro e não tinha visto a capa".
Já o cardeal Robert Sarah, um dos principais líderes da ala conservadora que critica as posições do papa Francisco, publicou na terça-feira uma declaração oficial na qual descreveu com dados e datas que Ratzinger conhecia a existência do volume, conteúdo e data da publicação.
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