"O meu amigo, um terrorista?" revela a história de um participante nos atentados de Bali
A propósito do 10º aniversário dos atentados de Bali em 2002, Noor Huda Ismail, um especialista em terrorismo, conta a história de um amigo, algo que o levou a ajudar antigos combatentes a inserirem-se na sociedade.
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"O meu amigo, um terrorista?" é o nome do livro, lançado em 2010, que Noor Huda Ismail escreveu em referência ao colega de quarto, que está agora em prisão perpétua por ter participado nos atentados de 12 de outubro de 2012 em Bali.
«Ele foi preso, porque a sua conta bancária era usada para transferir dinheiro. Contudo, como ser humano, continuo a manter um bom contacto com ele. Olho pela família dele, pelos filhos», disse, em declarações à TSF em Jacarta.
Os dois frequentaram a escola islâmica Al-Mukmin, fundada por Abu Bakar Basir, o líder espiritual da Jemaah Islamiyah, o grupo responsável pelos atentados em Bali.
O atual diretor da escola frisa que a lição é de paz.: «Não lhes damos lições para serem terroristas. Apenas os educamos em conhecimentos islâmicos. Temos de dar-lhes um bom caráter, o caminho do Islão, a verdade».
Enquanto Mubarok foi aprender treino militar no Paquistão, Ismai tornou-se jornalista. Hoje lidera o Instituto para a Construção da Paz Internacional.
«Tento permanecer afastado da doutrina religiosa. Por isso, uso um restaurante como forma de ajudar os ex-combatentes a integrarem-se na sociedade», explica.
O também especialista em terrorismo ainda promover o pensamento crítico em escolas e prisões.
«O meu trabalho é simplesmente afastar estes indivíduos da violência. (...) Vocês europeus são mais radicais do que nós. Não há mal ser radical, o problema é quando se torna violento», entende.
Ismail vive na Java CentraL, mas não esquece o tempo que estudou na Europa e repete que gosta muito de Portugal, sobretudo da cerveja e do café. Despede-se com dois beijinhos, algo pouco comum na Indonésia.