O mistério dos ossos de mulher encontrados numa montanha onde apenas podem entrar homens
Apenas homens podem entrar nos mosteiros do Monte Atos, no entanto uma mulher foi aqui enterrada. A descoberta está a intrigar clérigos e investigadores.
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A longa carreira de Laura Wynn-Antikas, antropologista especializada no estudo dos ossos, ensinou-a esperar o inesperado numa escavação arqueológica. Mas até ela ficou surpreendida com o que os arqueólogos descobriram no Monte Atos, na Grécia.
Esta montanha, considerada sagrada desde Grécia Antiga, sempre foi apenas habitada os homens - nem mulheres nem animais do sexo feminino (com exceção dos gatos) podiam entrar naquele local - no entanto, as ossadas ali encontradas recentemente pertencem a uma mulher.
"Os ossos não mentem", diz Laura Wynn-Antikas, citada pelo The Guardian. São diferentes no formato e dimensões em relação às outras ossadas ali encontradas.
Tudo indica ainda que esta mulher foi enterrada sob a capela de santo Athanasio depois de já ter sido sepultada uma primeira vez, tendo os ossos sido movidos cuidadosamente do túmulo original. O mesmo terá acontecido com seis outros corpos.
Intrigados, os responsáveis pelo Mosteiro do Pantocrator, onde foram feitas as escavações, propôs que os ossos sejam sujeitos a uma datação por carbono. Dentro de três meses esperam obter mais respostas sobre quem é e quando morreu esta mulher.
Ainda hoje o Monte Atos, património mundial da UNESCO, abriga vinte mosteiros greco-ortodoxos, no chamado Estado Monástico Autónomo da Montanha Sagrada.
Apesar de a União Europeia ter considerado ilegal a proibição de entrada de mulheres, esta permanece em vigor desde a fundação da comunidade monástica, no século X. Entre os 2500 monges que aqui vivem, a única presença feminina era, até agora, a da virgem Maria
Os relatos de visitas de mulheres à montanha sagrada são raros e estão envoltos em misticismo. Como o dia em que a mulher de um rei da Sérvia o acompanhou à montanha: foi sempre carregada ao colo para não tocar no solo sagrado e o chão dos aposentos onde foi instalada foi coberto de tapetes.
Sabe-se que os monges abrigaram mulheres durante ataques de piratas à península grega, mas dizem os investigadores que mesmo que alguma dessas pessoas tenha morrido no local não seria ali enterrada. Tão pouco seriam os seus restos mortais exumados para uma capela se não se tratasse de alguém especial.