Desde esta quarta feira os cidadãos de todo o mundo podem contribuir para criar o primeiro poema universal, multilingue e infinito. A ideia partiu de 3 espanhóis que querem traçar um retrato da humanidade.
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Eram 11 da manhã desta quarta-feira, 30 de dezembro, quando o primeiro verso surgiu na página da iniciativa Universal Poem.
As palavras foram escritas por uma madrilena de 11 anos, "Tengo ligramas em las marachas". Estava dado o primeiro passo para a construção do Poema Infinito.
A ideia partiu dos organizadores do festival "Poetas" que anualmente se realiza em Madrid. Pepe Olona, um dos ideólogos da iniciativa, explicou à TSF que o projeto nasceu do cancelamento do festival "este ano por causa da Covid-19 tivemos de cancelar a edição e então em vez do festival pensámos nesta iniciativa que nos pareceu ser muito interessante. Num momento em que a humanidade está separada, está confinada pensámos que era interessante ter um projeto em que todos estejamos juntos."
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No convite a todos os cidadãos do planeta terra os organizadores pedem que não deixem de escrever o que sentem porque não há nada mais universal do que um verso. Pepe Olona espera que este poema sem fim ajude a traçar uma imagem de quem somos: "pensamos que o poema vai contar alguns momentos da história da humanidade. É um poema infinito cuja ideia e objetivo final é fixar uma imagem do ser humano com o somatório de todos os versos. Neste momento os versos que recebemos nas primeiras horas têm um cariz muito atual, mas pensamos que ao longo do ano os temas vão evoluir com o que acontece no mundo."
Nas primeiras horas foram-se juntando às palavras iniciais de Dadá Sainz, a menina de 11 anos, mensagens em português, árabe, alemão, francês e inglês. Os versos estão, para já, muito focados na pandemia e tudo o que tem acontecido em 2020.
Ouvido pela TSF Pele Olona, que fundou uma das livrarias mais emblemáticas de Madrid - Arrebatos Libros - admite que a resposta das pessoas tem sido surpreendente. Nos primeiros 15 minutos chegaram mais de 200 mensagens, em duas horas eram mais de 500.
Os organizadores juntaram-se a várias instituições, como o Instituto Cervantes, o British Council e a Universidade de Londres, para divulgarem a iniciativa. Em Portugal o parceiro é o Festival da Palavra.
Para além da internet o poema vai poder ser visto em placards junto a bibliotecas, museus, escolas e hospitais de Madrid. Qualquer pessoa pode participar nesta iniciativa, a única limitação é a de que verso enviado não pode ter mais de 70 caracteres. Pepe Olona garante que não haverá qualquer tipo de censura às palavras que chegarem, as únicas exceções são as mensagens de ódio e as que tenham por objetivo boicotar a iniciativa.
Se quiser participar pode fazê-lo aqui.