O que dizem os teus gestos? Ministros na Estónia usaram sinal de apoio aos supremacistas brancos
Na cerimónia em que assumiram funções, Mart e Martin Helme acompanharam os largos sorrisos com um gesto - um círculo com o polegar e o indicador, e outros três dedos esticados - identificado internacionalmente como de apoio à supremacia branca.
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Para alguns, o gesto não passaria de um inocente sinal para "O.K.", mas para outros, o gesto teve uma representação mais sombria.
Pai e filho são os novos ministros das Finanças e dos Assuntos Internos da Estónia, pertencem ao EKRE, o Partido Popular Conservador, que marcou as eleições de março com uma mensagem anti-imigração. O partido de extrema-direita duplicou a votação e conseguiu 19 deputados no Parlamento. Foi o suficiente para integrar o Governo do primeiro-ministro Juri Ratas. O EKRE conseguiu colocar cinco ministros no Executivo.
Para além da mensagem contra os imigrantes, o partido assume-se também contra a União Europeia, contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, contra as feministas, meios de comunicação social e aquilo a que chama o Estado profundo.
Foi neste contexto que o sinal chocou vários políticos e analistas, que o interpretaram como um apoio à doutrina dos supremacistas brancos.
O antigo Presidente da Estónia foi o primeiro a manifestar-se. Toomas Hendrik Ilves colocou duas fotografias no Twitter com as imagens dos ministros e a explicação do que significa o gesto. Também o antigo primeiro-ministro conservador da Suécia, Carl Bildt, escreveu na rede social: "Fico genuinamente preocupado quando vejo este comportamento de dois membros do novo Governo na Estónia."
Antes da cerimónia de posse, em entrevista ao jornal Politico, Martin Helme dizia: "Ninguém nos diz que palavras podemos dizer, ou que gestos podemos fazer", acrescentando que Donald Trump é uma verdadeira inspiração. Foi este mesmo politico, agora ministro das Finanças, que, na campanha, apelou à criação de uma Estónia branca e usou o slogan "Pretos fora". Uma hora depois da entrevista ao Politico, Martin e o pai estavam a usar o sinal da supremacia branca.
A apropriação do gesto "O.K." começou nos Estados Unidos. Organizações como a Liga Anti-difamação associaram-no a uma campanha do grupo online 4chan. Em 2017, os apoiantes do 4chan foram encorajados a colocarem fotografias na internet em que apareciam a fazer o gesto que, segundo o 4chan, representa as letras "W.P." para "White Power", ou seja, supremacia branca. O gesto tem sido usado desde essa altura por outros ativistas nacionalistas, de extrema-direita e anti-imigrantes.