Um mês depois do acidente com Boeing 737 Max 8 da Ethiopian Airlines, o relatório preliminar suspeita do MCAS, o sistema feito para garantir a estabilidade do avião em voo, mas que tem merecido muitas críticas.
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O desastre com o avião etíope foi o segundo, em pouco mais de cinco meses, com a nova "estrela" da construtora aeronáutica americana. Em outubro de 2018, um outro 737 Max 8, da companhia indonésia de baixo custo Lion Air caiu no Mar de Java, matando 189 pessoas.
O relatório final deste acidente só deve ser conhecido em agosto, mas as primeiras indicações mostram semelhanças entre as duas tragédias e trouxeram ao de cima muitas críticas ao novo sistema de controlo de voo, desenvolvido pela Boeing.
Pilotos e companhias aéreas queixaram-se de informação deficiente sobre o MCAS. Em concreto, afirmaram que nem sequer sabiam que o sistema existia. Os que sabiam, alguns afirmaram que o manual era "desadequado" e "insuficiente" de forma "quase criminosa", já que não explicava como resolver problemas no "software".
De acordo com a CNN, as queixas incluem um relatório em que se considera "inadmissível" que a Boeing e a Federal Aviation Agency (FAA), o regulador norte-americano do setor da aviação, permitam que os pilotos trabalhem com o novos sistema, sem "formação adequada" ou "documentação insuficiente".
10 de março de 2019 - o segundo acidente
Após o desastre com o Max 8 das Linhas Aéreas da Etiópia, que matou 157 pessoas, as autoridades etíopes não demoraram um mês a divulgar o relatório preliminar. O documento, conhecido a 5 de abril, garante que os pilotos cumpriram "repetidamente" todas as indicações da Boeing.
Pouco depois, em conferência de imprensa, a ministra etíope do Trabalho sublinhou, por isso, que a tripulação não teve forma de dominar o avião. A governante exigiu também que a Boeing faça novas alterações ao sistema e avisou que a companhia aérea do país só volta a operar o 737 Max 8, quando as autoridades nacionais tiverem garantias de que a segurança estiver reposta.
Desde 13 de março que a frota de 737 Max está parada. A Boeing decidiu suspender o voo do avião, depois de 53 países, incluindo toda a União Europeia, terem barrado os respetivos espaços aéreos à nova máquina da Boeing.
O "maldito" MCAS
A investigação em curso aponta para uma falha no "software" que garante a estabilidade do avião em voo. Chama-se MCAS e trabalha às ordens de dois sensores que existem no chamado "nariz" da aeronave. Instantes depois da descolagem, um deles terá entrado em conflito com o outro, transmitindo informação errada. Resultado: o sistema entende que o voo está fora de controlo e força a descida rápida do avião.
O "mergulho" do Ethiopian Airlines começa menos de dois minutos após o início da viagem. Nos momentos que se seguem, os pilotos tentam endireitar o avião. O sistema volta a puxá-lo para baixo. A situação repete-se várias vezes.
O comandante e o copiloto desligam a energia e tentam controlar o avião, de forma manual. Uma tarefa complicada, em voo, a alta velocidade. Pouco depois, quatro minutos após a descolagem, os registos de voz provam que a manobra não está a resultar.
A tripulação volta a ligar a eletricidade e o MCAS desperta do "sono forçado". O avião mergulha de novo, desta vez, definitivamente. Morreram 157 pessoas.