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Duas semanas depois, em Israel, ainda é visível o rasto de destruição que ficou dos ataques do Hamas. Be'eri, no sul do país, era um kibutz com cerca de 300 habitantes, dos quais 130 morreram há 16 dias.
Avid Avram vive em Ashkelon, mais a norte, mas faz questão de visitar Be'eri de vez em quando. Quando percebe que a TSF é uma rádio portuguesa, a resposta é quase sempre a mesma: Ronaldo. Mas desta vez com uma crítica.
Porque é que o Ronaldo não fala? Porque é que está calado? Vocês viram o que se passou na zona das crianças? Viram as casas onde eles dispararam contra mulheres e crianças? São animais... se isto não são animais, o que são?
Aqui, é visível o contraste entre o que ficou destruído e o que sobreviveu à brutal violência dos ataques. A vida parou de um momento para o outro: há um panda de peluche à espera no jardim-escola, uma chávena de café a meio, panelas no chão com restos de alguma coisa. Não há pessoas. No chão, são ainda visíveis os cartuchos dourados que ficaram dos ataques que tiraram a vida a uma comunidade agrícola onde outrora viviam diferentes gerações, entre elas crianças.
Dezasseis dias depois, ainda há corpos carbonizados, disfarçados nos destroços. "Ainda há uma hora retiraram daqui mais um corpo todo carbonizado, todo negro", diz.
Avid Avram quer que o mundo saiba com detalhes o que aqui aconteceu. "Não digam disparates, contem o que viram. Têm de dizer em Portugal exatamente aquilo que viram aqui", sublinha.
Tal como as outras, a informação é uma arma preciosa. Israel luta também por boa parte da opinião pública mundial.