A TSF falou com o responsável da equipa da ONG que está a prestar auxílio aos muitos migrantes que tentam cruzar a fronteira, vindos da Grécia.
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A cada hora que passa, cerca de cinquenta refugiados conseguem entrar na Macedónia. Desses, trinta por cento são mulheres e crianças.
São contas do chefe da missão dos Médicos Sem Fronteiras que se encontra nessa porta de entrada para a Europa.
Statis Kyroussis diz que o facto de a Macedónia ter reaberto a fronteira acalmou os migrantes , que sabem agora que, mais cedo ou mais tarde, irão entrar e ter assistência.
"Neste momento há ordem, as pessoas estão mais calmas. É claro que se começarem a aparecer mais e o processo ficar mais lento elas ficarão mais agitadas e começam os empurrões, como nos últimos dias. Neste momento temos 400 pessoas e temos duches, casas de banho, a clínica médica e ativistas a distribuírem sandes, água e sumos pelas crianças. Há também roupas e sapatos e tudo está bem".
O médico, descreveu um outro ângulo do que estava a ver na altura em que decorria a entrevista, um imagem cheia de mulheres e crianças : " Cerca de 30% dos refugiados são mulheres e crianças. Tenho na minha frente cerca de 50 crianças numa tenda e o nosso psicólogo ajuda-os com jogos e pinturas. Mas há crianças espalhadas por todo o lado, mesmo bebés muito pequenos com cerca de 2-3 meses. Esses estão com as mães".
Statis Kyroussis recorda os momentos difíceis vividos na semana passada, na sequência da decisão das autoridades macedónias de encerrar as fronteiras. Diz que foram momentos de caos e violência.
"Tivemos muitos feridos. tratámos cerca de 30, 4 foram enviados para o hospital. Eles foram feridos com granadas atordoantes, aquelas que fazem muito barulho e uma luz muito intensa. Havia feridos por balas de borracha e pelo arame farpado. Houve muita gente que desmaiou, outros tiveram ataques de pânico e durante a noite tivemos de lidar com casos de hipotermia entre as crianças. Duas foram transferidas para o hospital para serem reanimadas. A tudo isto juntamos as doenças crónicas que se agravam nestas situações como a diabetes, problemas de coração e insuficiência respiratória".