O segredo é Betonix
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A palavra está por todo o lado: Betonix. Betonix, Betonix. Tanto nos territórios palestinianos como em Israel.
Em qualquer autoestrada lá está: Betonix. Junto à Estação Central de Jerusalém - Betonix. À entrada/saída da Cisjordânia: Betonix. A Faixa de Gaza esta cercada por florestas de Betonix. E em Israel. Será ali uma escola: Betonix, e além um hospital, Betonix. Um condomínio? Que seria sem Betonix?
Não se entra em nenhum território palestiniano sem passar por uma imenso desfile de Betonix nas mais variadas posições.
A palavra está tatuada em blocos de betão gigantes, espalhados por todo o lado, como se tivessem chovido. São imponentes, daqueles que bastam dois ou três para bloquear uma estrada.
Tive de ir perguntar ao Google que personagem omnipresente é esta. Responde-me, cego e alheio a contextos geopolíticos, que é um franchising alemão que permite a Israel construir blocos de betão. Porventura mais rijos que os outros banais.
Quem será o inventor? Poderia ser daqui. Nunca vi uma zona do mundo com tanta pedra. Todas as casas sem exceção, toda a construção civil e militar, são de pedra.
Pela idade, os monumentos não poderiam ser de outra coisa. E até têm sido pedras a arma tradicional dos palestinianos contra o exército israelita. Até agora, até este dia 7 de outubro.
O Betonix, no entanto, está num impasse. Cá está, por todo o lado, a gritar o nome, mas ninguém lhe toca, não serve para nada.
Não há trabalhadores palestinianos para construírem casas, nem escolas, nem hospitais em Israel.
Não há trabalhadores palestinianos para continuarem a construir o muro que tem sido o maior consumidor de Betonix.
E sem Betonix, o que lhes resta?
