A opinião é de Maria Teresa Horta. Escritora e defensora dos direitos das mulheres, ela não acredita que o país esteja a assistir a um ponto de viragem. A liberdade plena é, antes, uma miragem.
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É uma nuvem, enganadora e sem futuro promissor. O voto permitido às mulheres na Arábia Saudita é um piscar de olho ao ocidente. Nada mais, na opinião de Maria Teresa Horta.
"É uma nuvem de fumo para o estrangeiro para dar um aspeto moderno: mas no fundo elas, as mulheres, são uns autómatos".
Para a escritora e defensora dos direitos das mulheres, a eleição de amanhã, na Arábia Saudita está longe de ser um ponto de viragem. O país não quer nada com uma mudança.
"Nada muda assim. Não há sinais de abertura".
Falar sobre os direitos das mulheres é assunto que mexe com Maria Teresa Horta, confessa. Recuando no tempo, o voto feminino na Arábia Saudita, traz ao presente o que pode acontecer amanhã.
"Quando fui votar pela primeira vez, com duas amigas, ia a descer as escadas e vimos uma mulher a chorar. Fomos ter com ela. Disse-nos que chorava porque não tinha votado no candidato que o marido lhe disse para votar e ele ameaçou-a que conseguia descobrir o seu voto e ela estava com medo de ir para casa. Agora está a imaginar o que é as mulheres a votarem na Arábia Saudita?".
A pergunta retórica, para Maria Teresa Horta, tem apenas uma resposta: a Arábia Saudita é dos piores países do mundo para as mulheres.