Cobra fortunas e convence milionários a investir na sua fundação. Mas tudo por um mundo melhor. Sobre Trump, obriga-se ao silêncio. Viaja, escreve memórias e prepara filmes e séries para a Netflix.
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Cobra centenas de milhares de euros por cada conferência que dá, passa férias em ilhas privadas, faz desporto... Têm sido mínimas as intervenções sobre as políticas do homem que lhe sucedeu na Casa Branca há ano e meio, mas, frequentemente, reúne-se informalmente com estadistas nos países e cidades que o recebem, como acontece esta sexta-feira, no Porto.
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Diz a revista New York, mesmo nas conversas privadas, Barack Obama evita falar de Donald Trump. Já o contrário não é verdade, e o atual presidente tem demonstrado grande empenho em meter na gaveta várias apostas políticas do antigo senador do Illinois - fazendo o país renunciar a acordos multilaterais como o acordo comercial Transpacífico e revogando decisões políticas consideradas mais progressistas no contexto político dos Estados Unidos (do Affordable Care Act, a lei que permitiu um seguro de saúde para milhões de norte-americanos mais carenciados, à presença de cidadãos transexuais nas forças armadas).
Quando Trump recuou no Acordo de Paris, Obama não se conteve: "Vivemos um tempo pouco habitual em que os Estados Unidos são a única nação no planeta que fica fora dos Acordos de Paris; e isso é uma posição difícil de defender".
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Continuando extremamente popular, nomeadamente nas redes sociais, o primeiro e único presidente negro na história do país tem estado a escrever as memórias (a Penguin Random House pagou 60 milhões de euros para garantir o exclusivo da publicação dos livros de memórias do casal, sendo que Barack e Michelle vão publicar cada um o seu). Para Obama, trata-se de dar continuidade ao que foi o sucesso de Audácia da Esperança, o livro que reflete o seu pensamento sobre o país, as suas prioridades e o Sonho Americano.
Outra fonte de receita importante para o casal será o acordo celebrado com a Netflix para a produção de filmes e séries de alguma forma relacionados com os Obama, que criaram para este efeito a Higher Ground Productions. As primeiras produções deverão estar finalizadas no final do próximo ano ou já em 2020.
Há um outro projeto em concreto que ocupa bastante o tempo do antecessor de Donald Trump: a Fundação Obama. Apostando numa América clarividente e de coração aberto, a fundação, com sede em Chicago, tem vindo a estabelecer parcerias com universidades em todo o mundo. Mas não se fica pelos aspetos mais voltados para o meio académico: vai ter um centro presidencial que inclui um museu, situado no Parque Jackson, em Chicago, que será uma espécie de "Yes, We Can" enquanto estrutura propiciadora de mudança de políticas com impacto social. Para isso, Obama, desde sempre um campeão no fundraising para as suas campanhas eleitorais, quer arrecadar para o projeto perto de mil milhões de dólares. Bill e Melinda Gates já começaram a contribuir, entre outros milionários que entram na lista dos que doam mais de um milhão de dólares.
Ainda este mês, o ex-presidente norte-americano vai juntar em Joanesburgo, na África do Sul, cerca de duas centenas de jovens líderes de todo o continente africano.
A chanceler alemã Angela Merkel, o presidente argentino Mauricio Macri e o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau são alguns dos altos dirigentes mundiais que já privaram com Obama depois de este ter deixado a Casa Branca. Tom Hanks, Bruce Springsteen, Richard Branson e Oprah Winfrey também.