Objetivo é "reduzir mortes". México anuncia acordo com EUA para "ações coordenadas" anti-narcotráfico
O objetivo é "reduzir as mortes" pela droga sintética fentanil nos Estados Unidos da América, bem como o tráfico de armas norte-americanas para cartéis mexicanos
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O Ministério dos Negócios Estrangeiros do México anunciou quinta-feira um acordo com os Estados Unidos da América para encetar "ações coordenadas" contra o narcotráfico.
Em comunicado, o ministério mexicano adiantou que o objetivo do plano, acordado em Washington entre autoridades de segurança dos dois países, é "reduzir as mortes" pela droga sintética fentanil nos Estados Unidos, bem como o tráfico de armas norte-americanas para cartéis mexicanos.
Os representantes dos dois países "concordaram com uma série de ações coordenadas, em ambos os países, que serão implementadas nas próximas semanas e meses, para reforçar o combate ao crime organizado em ambos os lados da fronteira", acrescentou a mesma fonte.
O anúncio seguiu-se a declarações do Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre não haver progressos na luta contra o narcotráfico por parte do México e Canadá que o façam considerar reverter a decisão de impor tarifas de 25% a ambos os países na próxima semana.
Questionado sobre se havia visto algum progresso para que México e Canadá escapem ao aumento de tarifas, Trump respondeu que "de forma alguma, não em relação às drogas", embora tenha havido melhorias em relação às travessias irregulares de fronteira.
Uma delegação mexicana, liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Juan Ramón de la Fuente, reuniu-se esta sexta-feira em Washington com uma equipa do Governo norte-americano liderada pelo secretário de Estado, Marco Rubio.
"Foi uma reunião muito positiva, que correspondeu a todas as expectativas", disse De la Fuente à saída da reunião.
O encontro ficou marcado pelas declarações do próprio Trump sobre a imposição de tarifas e nenhum dos lados prestou esclarecimentos adicionais.
Do lado mexicano, além de De la Fuente, participaram o secretário de Segurança Pública, Omar García Harfuch; os ministros da Defesa Nacional, Ricardo Trevilla Trejo; da Marinha, Raymundo Pedro Morales; e o procurador-geral, Alejandro Gertz Manero.
Rubio estava acompanhado pelo secretário da Defesa, Pete Hegseth, e pela procuradora-geral, Pam Bondi.
Na sua conferência de imprensa diária, a Presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, reiterou na Cidade do México a necessidade de manter a "cabeça fria" e manifestou confiança de que ambos os Governos chegarão a um acordo que evite as tarifas.
"Espero que possamos chegar a um acordo e anunciar algo mais a 4 de março. Teremos de ver como estas coisas evoluem", disse.
Segundo o Governo mexicano, graças ao envio de militares para a fronteira com os EUA, acordado há semanas com Trump para adiar as tarifas, foram feitas importantes detenções e apreendidos mais de 11 mil quilos de droga.
O Governo e a Procuradoria-Geral do México anunciaram esta sexta-feira a extradição excecional de 29 presumíveis traficantes de droga para os Estados Unidos da América, num comunicado conjunto, sem revelar nomes.
"Esta ação inscreve-se no âmbito do trabalho de coordenação, cooperação e reciprocidade bilateral, e respeita a soberania de ambas as nações", refere o comunicado.
Um responsável governamental mexicano que solicitou o anonimato confirmou que um dos 29 extraditados para os EUA a pedido daquele país é o barão da droga Rafael Caro Quintero, mandante do assassínio de um agente da Agência Norte-Americana de Combate à Droga (DEA) em 1985 e detido pelas autoridades mexicanas em 2022.
No comunicado, a Procuradoria-Geral do México indicou que os 29 prisioneiros extraditados esta sexta-feira enfrentavam acusações relacionadas com o tráfico de droga, entre outros crimes.