Os observadores africanos defenderam a realização de novas eleições no Zimbabué, numa altura em que a comissão eleitoral se prepara para declara Mugabe vencedor. Entretanto, o arcebispo sul-africano Desmond Tutu apelou a uma intervenção internacional no país.
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De acordo com um grupo de 50 observadores do Parlamento Pan-Africano que acompanhou o processo eleitoral no terreno, é preciso realizar novas eleições presidenciais no Zimbabué.
O chefe da missão destes observadores afirmou, este domingo, que a atmosfera que prevalece no país revela que nem a segunda volta das eleições presidenciais foi feita de forma «livre e credível» e que o ambiente político continua tenso, hostil e instável.
Os observadores denunciaram ainda a existência de «um número invulgarmente elevado de votos inválidos» e que a campanha eleitoral foi marcada por um elevado grau de intimidação e violência, que levou à morte, sequestro e fuga de várias pessoas.
Perante este cenário, os observadores concluíram que a intolerância política no Zimbabué atingiu o nível mais baixo na história recente do país.
A segunda volta das eleições no Zimbabué ficou marcada ainda pelo facto de nenhum observador ocidental ter recebido autorização do regime para acompanhar a votação, apesar de terem marcado presença no país.
Em nome da estabilidade no Zimbabué, o Prémio Nobel da Paz Desmond Tutu afirmou que se for necessário apoia uma intervenção militar no país no quadro da comunidade internacional.
Em entrevista à BBC, o arcebispo sul-africano apelou ainda à unidade dos países membros da União Africana na condenação do regime zimbabuano e na rejeição dos resultados da segunda volta das presidenciais, por considerar que a organização tem força internacional para restabelecer a paz no Zimbabué.
Também a organização Human Rights Watch apelou, este domingo, aos países africanos para imporem sanções mais duras contra o regime de Robert Mugabe, denunciando incidentes de intimidação, violência e manipulação por parte do partido no poder, antes, durante e depois das eleições.
A organização não governamental contabilizou 36 assassinatos por razões políticas e duas mil pessoas ameaçadas de morte ou tortura.
Também o primeiro-ministro do Quénia lançou um apelo à União Africana, que reúne esta segunda-feira, pedindo à organização o envio de tropas para travar a crise no Zimbabué, considerando que está na hora da África mostra unidade e firmeza na resposta à ditadura de 28 anos de Mugabe.
Raila Odinga considerou um constrangimento, uma vergonha e um embaraço para o continente africano o que se está a passar no país e que ninguém pode declarar vitória nem ser reconhecido quando prende bate e mata opositores, não dando liberdade à população para fazer sequer uma campanha eleitoral.
Entretanto, a comissão eleitoral do Zimbabué prepara-se para declarar, às 15h00 locais deste domingo, Rober Mugabe vencedor da segunda volta das eleições presidenciais, numa altura em que apenas estão contabilizados os votos de Harare.