Na província de Gaza estão registados mais 300 mil eleitores do que o número de adultos recenseados.
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Houve manipulação no recenseamento para as eleições que se realizam esta terça-feira, em Moçambique. A conclusão é de uma das organizações que acompanham o processo eleitoral e que aponta a província de Gaza, onde por tradição a Frelimo tem sempre os melhores resultados, como um caso flagrante.
À TSF, Joe Hanlon, observador inglês do Centro de Integridade Pública, em Maputo, explica que em Gaza a Comissão Eleitoral registou "mais 300 mil eleitores do que o número de adultos indicado no recenseamento".
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Questionado sobre se acredita que houve manipulação, a resposta é perentória: "Sim. Até que ponto isso será grave, não sabemos. Mas é maior do que o que aconteceu antes, portanto o potencial para fraude é muito maior."
Com experiência acumulada nas eleições em Moçambique - acompanhou todas - Joe Hanlon acredita que o cenário é mais preocupante do que noutras ocasiões, até porque tem sido "mais violento e mais agressivo do que em campanhas anteriores". O observador dá mesmo conta da morte de um colega às mãos de "um grupo da polícia".
Joe Hanlon acredita que o país tem capacidade e está preparado para organizar estas eleições, que devem ter uma afluência "elevada, como costumar ter", até porque "as pessoas estão atentas". No entanto, os resultados levantam dúvidas: "Não sabemos se serão fiáveis."
A votação está marcada para esta sexta-feira e há perto de 13 milhões de eleitores recenseados. Os resultados só devem ser conhecidos na sexta-feira.