Lugares sobrelotados, faltos de roupa limpa, chuveiros e alimentos, e até a indicação de beber água "na casa de banho". Alexandria Ocasio-Cortez visitou um centro de detenção no Texas e quis revelar ao mundo o que viu.
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Condições "horripilantes" num centro de detenção em que as mulheres são forçadas a beber de uma casa de banho sobrelotada. "Crueldade associada a uma cultura desumana que trata pessoas como animais." Foi o cenário com que se deparou Alexandria Ocasio-Cortez quando visitou um centro de migrantes no Texas.
O democrata da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Joaquin Castro, que também visitou as instalações, registou, na sua conta do Twitter, a espera de mais de 15 dias a que as mulheres são sujeitas, por banhos e medicamentos, período em que são também privadas da presença dos filhos.
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Um relatório do Departamento de Segurança Interna, redigido após inspeção ao edifício, denuncia um rácio de apenas quatro chuveiros para 756 migrantes e divisões ocupadas até cinco vezes acima da sua capacidade: destas, uma, que deveria estar destinada a um máximo de 35 homens, alojava "155 homens adultos, com apenas um chuveiro e uma pia". "O espaço estava tão cheio que os homens não conseguiam deitar-se para dormir", pode ler-se no documento, como apurou o The Guardian .
As denúncias tornam-se ainda mais graves ao longo do relatório, onde é descrita a carência de roupas limpas, que obriga os migrantes a usar peças usadas "durante dias ou semanas". Questionado pela publicação britânica, o Departamento de Segurança Interna não respondeu às acusações.
O secretário de segurança interna, Kevin McAleenan, tinha, no entanto, garantido, em conferência de imprensa, que os centros de detenção eram "limpos e bem administrados", apesar da existência de crianças com falta de alimentos, e com roupas e fraldas sujas.
A congressista da Califórnia, Judy Chu, em viagem com Ocasio-Cortez, confirmou a sua versão. Judy Chu disse ter conhecido uma mulher a quem um agente fronteiriço afirmou: "Se quer beber água, use a casa de banho."
Alexandria Ocasio-Cortez escreveu, no seu Twitter, que os migrantes eram tratados "como animais", e que a "enormidade do problema" não deveria ser subestimada.
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A ativista norte-americana apontou ainda o assédio sexual a que esteve sujeita durante a visita, ao mesmo tempo que manifestou receio pelo tratamento que os oficiais dão às mulheres na fronteira com o México.
Um grupo secreto do Facebook, marcado como um fórum para os agentes de segurança interna, com 9.500 membros, apresentava uma montagem de Ocasio-Cortez em atos de sexo oral num dos centros de detenção. Outra publicação do grupo questiona a veracidade da fotografia, recentemente publicada, em que pai e filha aparecem afogados nas margens de um rio na fronteira com os EUA (Rio Grande).
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No entanto, os maus tratos não são apenas dirigidos às crianças, lembrou Alexandria Ocasio-Cortez, que lamentou ainda a "falta de responsabilização" por parte das autoridades norte-americanas.
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