Olivença recupera aos poucos a tradição de falar português perdida entre as décadas de 50 a 60 do século passado. A aposta está no ensino junto dos mais novos, mas, à TSF, os professores alertam que já não será a língua materna, tal como a falavam os avós.
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O filho do alcaide de Olivença tem um ano e meio, mas já exibe uma tendência para falar mais Português do que Castelhano, segundo o revela o pai e autarca Manuel González Andrade.
"Ele domina melhor a língua portuguesa, que é a língua materna. A mãe fala-lhe em português e eu em castelhano, mas ele, apesar de ser aqui que convive, onde se fala Castelhano, até agora, fala mais Português", afirma o edil à TSF.
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A mãe é de Elvas, mas a vida da criança tem sido passada na vila com 800 anos, que durante cinco séculos pertenceu a Portugal. Raízes que têm conquistado por aqui mais adeptos que tentam recuperar o português que se foi perdendo com o desaparecimento dos mais velhos.
O desígnio foi revelado pelo chefe do município de Olivença, que esta sexta-feira está celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa à boleia de um conferência ao longo do dia. A promoção do ensino do Português junto de crianças - e não só - assume o destaque da jornada, "mas já não será como língua materna", como sublinhou Joaquín Mora, o antigo diretor da escola primária local.
"A língua materna que os nossos avós falaram em Olivença perdeu-se nos anos da ditadura. As novas gerações já vão apreender o português dito normal, não o daquele tempo", avançou à TSF.
Aos dias de hoje, há 1200 estudantes entre a primária e o ensino secundário. Cerca de 800 aprendem o português, assumindo o professor Eduardo Machado Oliveira que é tempo de chegar mais longe "para que em ambos os lados da raia percebam a importância do que é a partilha do território".
Neste momento, existem já cerca de dois mil oliventinos que optaram também pela nacionalidade portuguesa, um privilégio que lhes é conferido desde 2014.