Há seis meses, 7 mil migrantes centro-americanos saíram das Honduras, El Salvador e Guatemala numa marcha rumo ao sonho americano. Menos de um mês depois, chegavam a Tijuana, na fronteira do México, prontos a "dar o salto" para os EUA.
Corpo do artigo
Em vésperas das eleições intermédias, a caravana deixou Donald Trump à beira de um ataque de nervos. E pôs à prova o recém-eleito Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador. Ao tentar cruzar a fronteira, os migrantes provocaram uma reação em cadeia que radicalizou a política migratória norte-americana e pôs o México e os Estados Unidos em apuros.
Meio ano depois, onde estão os 7000 migrantes centro-americanos que marcharam até Tijuana? O tema já não faz manchetes de jornais, mas a diretora de Espacio Migrante, em Tijuana, tem a resposta: "Dispersaram-se."
Sara Sorto conta à TSF que muitos migrantes procuraram pontos débeis da fronteira para tentar fintar as autoridades norte-americanas. Outros preferiram ficar em Tijuana e esperar para ver. "Muitos centro-americanos estão a trabalhar e a ver as possibilidades de ficar no México. Mas a maioria continua a esperar o número para cruzar aos Estados Unidos."
TSF\audio\2019\04\noticias\13\13_abril_pedro_cardoso_caravana_mexico_trads
A caravana de outubro do ano passado reforçou o discurso anti-migratório de Donald Trump. Em janeiro deste ano, o presidente norte-americano lançou o programa "Fica no México". O nome diz tudo: um migrante que peça asilo aos Estados Unidos tem que esperar por uma resposta em território mexicano. Um tribunal da Califórnia suspendeu a medida no início desta semana. Mas o mal já está feito, diz Sara Soto. "O endurecimento das leis migratórias acaba sempre por afetar. Os migrantes têm de esperar no México e isso está a desesperar muito as pessoas. Todos os pedidos de asilo estão a demorar demasiado."
A ativista sublinha que a caravana que saiu das Honduras há meio ano não foi a primeira e não será a última. E teme que a rede de apoio aos migrantes ao longo da fronteira não seja capaz de dar resposta a esta crise migratória.
As autoridades norte-americanas detiveram, entre outubro de 2018 e fevereiro deste ano, 318 mil migrantes ilegais, a maioria oriundos da Guatemala, Honduras e El Salvador
Nas últimas semanas, o anúncio de uma mega caravana de 20 mil pessoas em formação nas Honduras fez soar o alarme no México e nos Estados Unidos. Donald Trump chegou a ameaçar fechar a fronteira Sul, acabando por recuar face às pressões internas nos Estados Unidos.