A ONG Transparência Internacional analisou todas as declarações de rendimentos. 53% dos eurodeputados tem atividades fora do parlamento. Paulo Rangel surge no topo dos que declaram mais rendimentos.
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A Organização Não Governamental Transparência Internacional diz que não são claros os rendimentos dos deputados que se sentam no Parlamento Europeu.
Os representantes portugueses até ficaram bem nesta fotografia de um estudo revelado esta manhã em Bruxelas que recolheu, organizou e fez a análise às declarações de interesses e rendimentos dos 751 deputados europeus. Os resultados revelam que mais de metade declaram atividades fora do Parlamento Europeu.
Daniel Freund, da Transparência Internacional, explica que começa por ser difícil dizer, ao certo, quanto ganha um eurodeputado: «Há o salário base de 8 mil euros, mas depois existem vários subsídios e dinheiros extra. O rendimento final, que acaba ao fim do mês na conta bancária de um eurodeputado pode ir dos 8 mil aos 19 mil euros».
Na prática, tudo depende das presenças no Parlamento e das despesas feitas pelos eurodeputados que, segundo a TI, podem, se quiserem, guardar tudo na conta bancária.
O estudo hoje revelado recolheu as declarações de rendimentos dos 751 eurodeputados e, no fim, deixa um alerta para receios de conflitos de interesses porque 398 têm atividades fora do Parlamento onde recebem um valor global que vai dos 5,8 aos 18,3 milhões de euros.
Na prática, explica Daniel Freund, os eurodeputados «deviam ser abertos e claros sobre o dinheiro que ganham». E continua: «Descobrimos que aquilo que se recebe, dentro e fora do parlamento, é muito pouco transparente e não pode ser entendido por um cidadão comum».
Neste retrato europeu, os eurodeputados portugueses ficam bem na fotografia. Como refere Freund, os representantes de Portugal «têm poucos rendimentos e actividades declaradas fora do Parlamento, isto se compararmos com outros países como a Áustria, a Bélgica ou a França que têm eurodeputados com muito mais atividades externas».
Neste retrato feito pela TI, existe um português que se destaca: o estudo revela que Paulo Rangel, do PSD, é um dos dez eurodeputados que mais dinheiro ganha pelas atividades que tem fora do parlamento, como professor universitário, comentador e advogado.