Várias organizações não-governamentais mostram dúvidas quanto à liberdade e justiça das próximas eleições gerais em Angola, tendo em conta a disparidade de meios entre Governo e oposição e casos de violência e intimidação.
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No início da campanha eleitoral para as eleições gerais de 31 de agosto, a Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório acusando as autoridades angolanas de terem, nos últimos meses, assediado, ameaçado e atacado fisicamente jornalistas, ativistas e críticos do Governo de José Eduardo dos Santos.
A ONG manifestou «sérias preocupações» em relação ao ambiente dos direitos humanos em Angola, que considerou «não ser favorável a eleições livres, justas e pacíficas».
Em julho, a Amnistia Internacional já tinha divulgado uma carta aos candidatos presidenciais, à Assembleia Nacional e aos líderes dos partidos políticos, apelando a que tomem medidas para evitar violência, nomeadamente abstendo-se do uso de «linguagem provocadora ou inflamada» e respeitando a liberdade de expressão.
«O respeito pelos Direitos Humanos tem de ser um elemento central de todo o processo eleitoral e as autoridades angolanas têm de dar passos para garantir que todos são capazes de exercer esses direitos sem medo de se tornarem vítimas de abusos», refere.
A Amnistia afirmou ter recebido relatos de violência política entre apoiantes de diferentes partidos, bem como de detenções arbitrárias e maus-tratos a ativistas políticos e manifestantes.
O documento citava confrontos entre membros da UNITA e MPLA no Huambo em fevereiro, e, no mês seguinte, várias manifestações contra o governo proibidas em Luanda e Benguela, e por vezes «severamente reprimidas», com «manifestantes feridos ou detidos».
Angola realiza no dia 31 de agosto eleições gerais, que vão definir a composição do futuro parlamento e determinar os futuros Presidente e vice-Presidente da República, por via indireta, a partir do número um e número dois da lista do partido mais votado.
Nas legislativas de 2008, o MPLA, partido no poder desde a independência, em 1975, ganhou a votação com mais de 80 por cento dos votos. O atual Presidente da República, José Eduardo dos Santos, encabeça a lista do partido às eleições de 31 de agosto.