ONU coloca empresa portuguesa em lista negra, mas polémica não é nova: Steconfer vandalizada por ativistas pró-Palestina
A empresa portuguesa incluída na lista negra ligada a colonatos israelitas garante ter um “papel neutro e apolítico”. Antes desta divulgação da ONU, a empresa de Santarém já estava na lista da ONG Who Profits
Corpo do artigo
A ONU publicou esta sexta-feira uma lista atualizada com 158 empresas, uma portuguesa, ligadas ao desenvolvimento de colonatos israelitas, considerados ilegais pelo direito internacional. A Steconfer, com sede em Póvoa de Santarém, pediu para sair de lista negra com a garantia de que tem um “papel neutro e apolítico” nos países onde opera. A polémica não é nova e vários escritórios já tinham sido vandalizados por ativistas pró-Palestina.
A lista atualizada do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos inclui 68 novas empresas relativamente a 2023, sendo que sete foram removidas. A maioria das empresas apontadas tem sede em Israel, mas a lista inclui a empresa de carris ferroviários portuguesa Steconfer SA e outras no Canadá, China, França, Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos.
Antes desta divulgação da ONU, a empresa de Santarém já estava na lista da ONG Who Profits, um centro internacional que divulga publicamente detalhes sobre empresas consideradas amigas do projeto expansionista de Israel para terras palestinianas.
A Steconfer tem construído linhas do metro de superfície na cidade de Jerusalém. Uma dessas linhas liga a cidade a colonatos judeus, nomeadamente ao que é conhecido como French Hill.
Os colonatos são ilegais e, segundo a ONU, foram crescendo em solo palestiniano que Israel anexou depois da guerra dos seis dias, em 1967.
A Steconfer, empresa com quase 20 anos, tem representação Ramat Gan, uma cidade no perímetro de Telavive, e não tem contrato direto com autoridades israelitas. É subcontratada por uma empresa de Israel.
Pelo menos em 2023 e 2024, ativistas pró-palestina vandalizaram as instalações da empresa em Santarém, mas também os escritórios de Lisboa.
A empresa portuguesa incluída na lista negra ligada a colonatos israelitas garante ter um “papel neutro e apolítico” nos países onde opera e pediu para ser retirada daquele banco de dados.
Numa carta enviada ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a que a Lusa teve acesso, a Steconfer sublinha que “não se envolve em decisões políticas ou governamentais” e que “o seu papel limita-se estritamente à execução técnica de obras como subcontratado de grandes empreiteiros de engenharia, aquisição e construção”.
Além disso, acrescenta a empresa, “não tem qualquer relação contratual direta com o Governo de Israel ou qualquer autoridade governamental da região”.