O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos não concorda com a decisão de alguns países da Europa de Leste de construírem barreiras para impedir os refugiados de passar fronteiras.
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No discurso inaugural da primeira sessão do ano do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que se reúne durante quatro semanas em Genebra, Zeid Ra'ad Al Hussein defendeu que os refugiados "merecem da comunidade internacional solidariedade e compaixão". Lamentou que, em vez disso, encontrem "hostilidade, caos e xenofobia".
Numa reflexão sobre o maior problema que a Europa enfrenta atualmente, o alto-comissário para os Direitos Humanos da ONU alertou que não se podem fazer políticas "baseadas na imagem de uma suposta invasão de gente".
"Evidentemente [essas pessoas] fogem de países que não são seguros para as suas vidas", afirmou.
Reconhecendo que os países aonde chegam os refugiados enfrentam desafios logísticos consideráveis, Zeid afirmou que isso não é razão para considerá-los como uma ameaça.
O responsável lamentou também que os líderes políticos, em vez de cooperarem entre si para superar os desafios relacionados com a chegada de refugiados, se entrincheirem em "posições nacionalistas simplistas".
"Peço urgentemente aos países que se coloquem acima da crescente xenofobia", disse Zeid.
Referindo-se à guerra civil na Síria, a causa principal da crise de refugiados na Europa, o alto-comissário enumerou algumas das mais graves violações do direito internacional humanitário que ali se cometem, como os ataques contra hospitais e escolas e a sujeição de populações inteiras à fome.
"Sujeitar as pessoas à fome e usar isto como arma de guerra é absolutamente proibido", assim como é proibido "sitiá-las (militarmente), privando-as assim de acesso aos alimentos", acrescentou.
Atualmente, 450.000 pessoas estão presas em localidades e aldeias sitiadas na Síria, seja por forças governamentais, grupos opositores armados ou grupos terroristas como Al Nusra ou o autodenominado Estado Islâmico.
Em alguns destes locais, a ajuda alimentar internacional não consegue entrar há anos.
Zeid denunciou também o aumento dos ataques contra instalações e pessoal médico na Síria, afirmando que os dez ataques do género ocorridos desde o início do ano representam mais de um por semana.