Pelo menos quatro em 10 mil pessoas morrem por dia de fome no sul da Somália. A seca é a causa que leva o país africano a ser comparado com a crise alimentar na Etiópia nos anos 80.
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A ONU declarou como zonas de fome duas regiões do sul da Somália controladas pelos rebeldes islamitas shebab e atingidas por uma gravíssima seca, advertindo para a possibilidade de a situação se alastrar.
A situação de fome é decretada quando a taxa de mortalidade atinge entre quatro a seis pessoas que morrem por dia entre 10 mil pessoas, segundo os critérios da ONU.
Metade da população somali, cerca de 3,7 milhões de pessoas, das quais 2,8 milhões vivem no sul, estão a partir de agora em situação de crise.
Mais de dez milhões de pessoas são atingidas na região do Corno de África pela seca que, segundo as Nações Unidas, poderá ser a pior das últimas décadas.
Em declarações à TSF, Mark Bowden, o coordenador humanitário das Nações Unidas, que visitou a Somália há uma semana, confirma que a fome assaltou o quotidiano da região do Corno de África.
Conta que muitas pessoas fazem «esforços gigantescos para escapar à fome, caminhando durante dias» E descreve: «Vi crianças e mulheres doentes e pessoas que perderam as suas famílias pelo caminho».
O responsável da ONU explica que a comida é escassa na Somália e que a seca é severa, deixando um rasto de miséria.
Mark Bowden diz que milhares de pessoas acabam por perder tudo o que produziram por causa da seca. «É uma calamidade nacional que está a gerar este sofrimento», testemunhou.
Por enquanto, para o coordenador humanitário das Nações Unidas não faz sentido comparar do flagelo da Somália com o que aconteceu na Etiópia nos anos 80.
«É uma situação muito diferente do que se viveu na Etiópia. É mais parecido com a fome que atingiu a Somália em 19 91/92. Contudo, se a situação continuar será tão grave como há 20 anos atrás», alerta.