Escritório grego do ACNUR indicou ter recebido "relatórios e testemunhos segundo os quais pessoas são deixadas à deriva em pleno mar por um longo período de tempo".
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O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) garantiu esta sexta-feira ter recebido "relatórios e testemunhos" que provam que migrantes estão a ser deixados à deriva no mar Egeu, sem receberem qualquer assistência da guarda costeira da Grécia.
Num comunicado, o escritório grego do ACNUR indicou ter recebido "relatórios e testemunhos segundo os quais pessoas são deixadas à deriva em pleno mar por um longo período de tempo, muitas vezes em embarcações de difícil condução e sobrelotados, enquanto aguardam o respetivo resgate".
"Os relatórios, que incluem um conjunto de testemunhos diretos e credíveis, foram compilados pelo escritório do ACNUR na Grécia e foram dados a conhecer às autoridades gregas responsáveis", referiu a mesma nota informativa.
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As ilhas gregas no mar Egeu (Lesbos, Chios, Samos, Kos e Leros), próximas da Turquia, são os principais pontos de entrada no país para os migrantes e requerentes de asilo que pretendem, principalmente, chegar aos países do norte da Europa.
E nestas que estão os sobrelotados campos de processamento e de acolhimento para migrantes, também conhecidos como 'hotspots'.
No comunicado divulgado esta sexta-feira, o ACNUR pede uma vez mais ao Governo grego que "investigue seriamente" e "sem mais demora" as informações sobre alegadas devoluções de migrantes para as águas territoriais da Turquia.
Numa entrevista ao canal norte-americano CNN, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, rejeitou categoricamente esta semana as acusações avançadas por alguns 'media' e por várias organizações não-governamentais (ONG) de que os migrantes estão a ser ilegalmente repatriados por mar.
Questionado sobre uma investigação publicada em 14 de agosto pelo jornal The New York Times, que relatava que a Grécia estava a "abandonar" migrantes no mar para que estes fossem resgatados pela guarda costeira turca, Mitsotakis afirmou que tais acusações eram resultado de "uma desinformação" orquestrada pela Turquia.
O jornal norte-americano referiu que tinha recolhido testemunhos de migrantes que tinham passado por tal situação, bem como apresentou outras informações fornecidas por ONG humanitárias e pela guarda costeira turca.
Mais de mil migrantes foram "largados no mar" desde março, avançou o artigo de investigação do The New York Times.
"Se existir um único incidente que precise de ser investigado (...) serei o primeiro a averiguar", disse Kyriakos Mitsotakis, questionando a credibilidade das informações, que "provêm principalmente da Turquia".
Desde março deste ano, e depois de Ancara ter anunciado que ia 'abrir as portas' (as suas fronteiras) para permitir a passagem a todas as pessoas que desejassem chegar à Europa, nomeadamente à zona da União Europeia (UE), as situações de migrantes abandonados à sua sorte no mar Egeu têm vindo a aumentar, de acordo com o ACNUR.