O FBI quer obrigar a empresa a desbloquear o iPhone do atirador da Califórnia de dezembro passado. As Nações Unidas dizem que a intenção pode ter implicações muito negativas para os direitos humanos.
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A Apple acaba de ganhar um aliado no conflito com as autoridades federais dos Estados Unidos. O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos diz que a intenção do FBI de obrigar a empresa a ceder o acesso ao código de desbloqueio dos iPhones, em matérias de investigação criminar, pode criar um precedente perigoso.
"A fim de resolver um problema relacionado com a segurança, as autoridades correm o risco de desbloquear uma 'caixa de Pandora' que pode ter implicações muito negativas para os direitos humanos de muitos milhões de pessoas, incluindo a sua segurança física e financeira", disse, em comunicado, Zeid Al Hussein.
Para o responsável da ONU, a ser concretizada a intenção do FBI, seria aberto um precedente que poderia violar os direitos de milhões de pessoas, em todo mundo, e dessa forma, facilitar as intenções de governantes autoritários e de criminosos informáticos.
A polémica surgiu em fevereiro, quando a Apple se recusou a ajudar o FBI a aceder ao conteúdo do iPhone de Syed Farook, o atirador que, juntamente com a mulher, matou 14 pessoas em San Bernardino, na Califórnia, em dezembro passado.
Para a Apple cooperar com a investigação, abrindo uma exceção à proteção de dados dos telemóveis que produz, vai minar a privacidade e a segurança dos seus aparelhos. Já o Governo norte-americano argumenta que se trata de um pedido isolado, que vai ajudar numa investigação importante.
O criador do Facebook, Mark Zuckerberg, já manifestou solidariedade com a Apple e seu chefe Tim Cook nesta batalha contra a justiça americana sobre a privacidade de dados. Outros líderes da indústria tecnológica como Google, Yahoo, Mozilla e Twitter também partilham a posição de apoiar a empresa.